Imprensa disseca passado de suspeito do ataque do Museu Judaico de Bruxelas
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Mehdi Nemmouche, um cidadão francês de 29 anos, principal suspeito do ataque no Museu Judaico de Bruxelas na semana passada, é o grande destaque dos jornais desta manhã. Ele matou três pessoas e deixou uma ferida gravemente. A imprensa questiona sobre as motivações do jovem.
Para o jornal Le Figaro, Mehdi Nemmouche é um "outro Merah". Ou seja, o diário conservador compara o suposto autor do ataque no Museu Judaico de Bruxelas a Mohamed Merah, outro jovem francês responsável por um ataque a uma escola judaica na França em 2012.
Segundo o jornal, além de terem como alvos a comunidade judaica, os dois franceses têm um perfil semelhante. Ambos teriam se convertido a uma vertente radical do Islã durante o tempo passado na prisão e, depois de serem libertados, foram para o exterior entrar em contato direto com grupos terroristas.
No caso de Merah, o destino foi o Afeganistão. Já Nemmouche partiu para a Síria, onde teria passado mais de um ano. Na Síria, informa Le Figaro, ele teria se aliado ao grupo Estado Islâmico no Iraque e no Levante, considerado um dos mais radicais da região.
De pequeno delinquente a terrorista
O jornal Libération também traz uma grande reportagem sobre Mehdi Nemmouche e tenta entender com um pequeno delinquente da periferia se transformou em um terrorista com contatos internacionais. O diário entrevistou Soulifa Badaoui, sua advogada desde 2004. Segundo Badaoui, ele nunca conheceu o pai, passou a infância em lares adotivos e não concluiu o ensino médio.
A primeira passagem de Nemmouche pela polícia foi por dirigir sem carteira de motorista. Aos 19 anos, ele foi condenado por roubo de carro e passou um ano e meio na prisão. Ainda de acordo com advogada, Nemmouche sofreu uma condenação injusta. Resultado: a prisão o transformou. A "sociedade perdeu algo. Ele era um jovem inteligente e perspicaz", lamenta a advogada em entrevista ao Libération.
Serviços de inteligência falhos
Para os jornais franceses, os serviços de inteligência têm negligenciado a radicalização dos jovens que planejam atentados cada vez mais ousados. O Aujourd'hui en France é categórico e afirma que "ninguém conseguiu impedir um novo Merah de atacar".
Na avaliação do jornal, os serviços de inteligência franceses ainda não aprenderam a lidar com esse novo tipo de ameaça. As principais mesquitas de Paris são monitoradas constantemente, mas essa radicalização islâmica está presente, sobretudo, nas redes sociais e dentro das prisões. Homens psicologicamente frágeis, entre 20 e 30 anos e condenados a penas leves são os principais público-alvo dessa doutrinação religiosa radical.
Dessa vez, a polícia francesa teve sorte, diz o diário. Mehdi Nemmouche foi preso por acaso em Marselha durante uma inspeção de rotina das autoridades alfandegárias. Com ele, foram encontrados um revólver, uma metralhadora e roupas idênticas às do atirador do ataque do Museu Judaico. Uma gravação em áudio com uma confissão do ataque também foi encontrada.
Segundo a polícia, levando em consideração a quantidade de munição que ele armazenava em sua mala, Nemmouche preparava, provavelmente, um novo ataque em Marselha. O jornal Aujourd'hui en France lembra que a cidade do sul da França tem uma importante comunidade judaica.
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