Moçambique/ Protestos

Governo mantém alta de preços apesar dos protestos que deixaram 7 mortos

O governo moçambicano se recusou a rever sua decisão de aumentar os preços do pão e da energia elétrica que desencadeou uma onda de protesto na capital do país que deixou 7 mortos e 228 feridos, segundo dados oficiais. Ao final de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros nesta quinta-feira, em Maputo, o porta-voz do governo declarou que os reajustes são “irreversíveis”.

Polícia moçambicana e manifestantes em Maputo, capital de Moçambique.
Polícia moçambicana e manifestantes em Maputo, capital de Moçambique. REUTERS
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Na quarta-feira, moradores dos bairros pobres da capital moçambicana foram às ruas em protesto contra a divulgação pela imprensa de uma alta de 25% do preço do pão a partir da semana que vem. O governo já havia imposto nas últimas semanas reajustes nas tarifas de água, eletricidade e combustíveis.

A manifestação espontânea foi fortemente reprimida pela polícia e logo transformou-se em um grande tumulto que continuou à noite e seguiu na manhã desta-quinta feira por alguns bairros populares da capital. Segundo testemunhas, durante os protestos os policiais atiraram com balas de revolver contra a multidão durante o protesto.

Antonio Gaspar, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Maputo

"É um protesto espontâneo que não tem rosto. As informações foram repassadas através de telefones celulares com pedidos para o início de uma greve. E quando se fala em greve, surgem oportunistas que destroem prédios públicos e atacam os cidadãos", disse Antonio Gaspar, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Maputo.  "As pessoas dizem que o custo de vida está alto e insuportável. Elas não entendem nada sobre os mecanismos de importação de trigo, enm sobre alta de preços na escala internacional. O governo precisa explicar à população", afirmou o pesquisador.

Em entrevista à imprensa após a reunião ministerial, o porta-voz do governo, Alberto Nkutumula, confirmou que os protestos deixaram 6 mortos na quarta-feira e um nesta quinta além de 288 feridos. Na confusão, 23 lojas foram saqueadas, 12 ônibus atingidos, sendo que um ficou completamente destruído.
 

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