Charlie Hebdo ganha prêmio do Pen Club e gera polêmica nos EUA
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Quatro meses após o atentado que matou 12 pessoas na redação do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, a publicação recebe nesta terça-feira (5) o prêmio "Coragem e liberdade de expressão" do Pen Club, a prestigiosa associação internacional de escritores. A homenagem, no entanto, não é unânime.
Seis escritores convidados para a cerimônia, que acontece no Museu de História Natural de Nova York, decidiram boicotar a noite de gala, alegando que o jornal satírico é racista e a cultura francesa "arrogante". Entre os autores que não irão à premiação estão Joyce Carol Oates e Russell Banks.
A homenagem ao jornal satírico francês gerou polêmica no meio literário. Alguns escritores acham um absurdo associar a imagem de prestígio do Pen Club a textos assinados por caricaturistas. Revoltados com a recompensa, pelo menos 204 escritores publicaram um manifesto de protesto no site The Intercept, fundado pelo jornalista americano radicado no Brasil Glenn Greenwald. O escritor britânico Salman Rushdie, ao contrário, ficou indignado com o boicote e tratou os colegas de "covardes".
O prêmio "Coragem e liberdade de expressão" do Pen Club será entregue ao atual redator-chefe do Charlie Hebdo, Gerard Biard, pelo escritor Alain Mabanckou. O autor franco-congolês defendeu a escolha da associação literária, argumentando que "a arrogância, a impertinência e a insolência intelectual fazem parte da cultura francesa". Mabanckou considera que o posicionamento hostil dos escritores de língua inglesa, influentes no mercado literário, "põe em risco a liberdade de expressão".
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