Imprensa italiana furiosa com Brasil por não extraditar Battisti
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O assunto é manchete de primeira página nos principais jornais do país como La Reppublica, La Stampa e Corriere della Sera. Nos editoriais, as críticas ao Brasil são unânimes.
Paula Schmitt, correspondente da RFI em Roma
"Brasil ignora 100 anos de amizade". Esta manchete do jornal Opinione dá uma ideia da atmosfera na Itália em relação à decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar o antigo ativista italiano Cesare Battisti, julgado por contumácia à prisão perpétua na Itália por quatro crimes.
Os jornais também apontam para as indesejáveis consequências econômicas do braço de ferro entre as duas nações. O diário Opinione lembra que se as relações econômicas forem cortadas, a Itália pode perder até 40% do faturamento nos setores metalúrgico, alimentício e têxtil.
No plano jurídico, os jornais também dão a notícia um pouco mais otimista de que o Supremo Tribunal Federal brasileiro decidiu desarquivar o processo de extradição de Battisti. Esta decisão levará o relator do caso, Gilmar Mendes, a analisar se concede a liberdade a Battisti depois do recesso do STF, em fevereiro, como pediram seus advogados. O pedido também pode ser negado, como solicitou o governo da Itália.
Em Bruxelas, o porta-voz da Uniao Europeia, Michael Mann, diz que a questão continua sendo considerada um assunto estritamente bilateral entre Itália e Brasil e, portanto, não requer a intervenção da Uniao Europeia.
Pedido pessoal de Carla Bruni
Nos últimos dias, a chuva de críticas ao Brasil também se estendeu à França, especialmente depois da declaração de Bruno Berardi, presidente da Domus Civita, associação que reúne as vítimas do terrorismo e da máfia. Bruno Berardi disse ao vivo na TV que teve um encontro com a primeira-dama francesa Carla Bruni para discutir um outro caso. Segundo Berardi, Carla Bruni, "me disse ter telefonado a Lula para que não extraditasse Battisti como um favor pessoal a ela, e me pediu que não dissesse nada a ninguém, além das três pessoas presentes, ela, eu e o secretário do presidente Sarkozy."
Carla Bruni nega a acusação e o Ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, diz não ter motivo para duvidar da primeira-dama. Um dos vários editoriais contra a elite intelectual francesa tem como título "Battisti e a França: a ignorância militante." Mas os jornais desta quarta-feira estão aumentando o tom das críticas, inclusive sugerindo que Battisti pode ter escapado com a ajuda do serviço de inteligência francês.
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