BRICs condenam uso da força militar na Líbia
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Reunidos na ilha de Sanya, na China, os líderes dos BRICs, grupo que reúne as cinco potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e a África do Sul) condenaram nesta quinta-feira na declaração final do encontro da cúpula os bombardeios na Líbia, assim como em outros países do Oriente Médio.
Ana Carolina Dani, enviada especial da RFI à China
Os líderes das maiores economias emergentes do mundo afirmaram que a independência, soberania, unidade e integridade territorial de cada nação devem ser respeitadas, mas não fizeram um apelo imediato ao cessar-fogo. A ausência de uma condenação explícita à operação da Líbia, se deve à posição da África do Sul, único país dos BRICs a votar a favor da resolução da ONU que autorizou bombardeios internacionais contra as forças de Kadafi.
Os outros quatro, incluindo China e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, se abstiveram, temendo que a operação levasse a mais vítimas civis. O porta-voz da presidência, Rodrigo Baena, confirmou à RFI que a fórmula incluída no texto final foi encontrada para contornar as divergências com os sul-africanos.
Também não houve consenso sobre outro tema divergente: a regulação dos preços das commodities. A Rússia e a China pressionaram para que a declaração final incluísse uma menção à necessidade de regular o mercado internacional das commodities para lutar contra a flutuação dos preços. Mas o Brasil é formalmente contra a proposta. A presidente Dilma Rousseff também defendeu a reforma das instituições internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, além do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Brasil reinvidica uma vaga permanente no Conselho, e tenta obter em vão o apoio da China. No documento final da reunião, os membros do BRIC reconheceram a necessidade da reforma do Conselho e a importância das aspirações do Brasil. A Índia e a África do Sul querem ter um papel mais ativo nas Nações Unidas, mas não indicaram um apoio explícito às ambições brasileiras.
Em sua declaração à imprensa, a presidente Dilma Rousseff disse também estar engajada na criação de uma ordem multipolar, sem hegemonias e disputas por áreas de influência. "Os membros do BRIC não se organizam contra nenhum outro grupo de países. Na verdade, trabalhamos com mecanismos de cooperação e governança global, sintonizados com o século 21. Isso é válido para as instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional, e o Banco Mundial, que precisam dar continuidade à reforma de sua governança, bem como renovar suas instâncias dirigentes", afirmou.
A presidente Dilma Rousseff
O comunicado final também chamou a atenção para o fluxo crescente de capitais nas economias emergentes, e defendeu o aumento do uso das moedas locais nas trocas comerciais entre os países do grupo. Após a Cúpula, a presidente Dilma teve encontros bilaterais com Índia e África do Sul.
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