"Gosto pela polêmica" de Bolsonaro está prejudicando economia brasileira, diz Les Echos
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Em reportagem publicada nesta sexta-feira (6), véspera do 7 de setembro, o correspondente do jornal Les Echos em São Paulo, Thierry Ogier, afirma que a economia brasileira ainda não superou a recessão de 2015-2016 e as declarações do presidente brasileiro Jair Bolsonaro envenenam a atmosfera. Elas criam um clima desfavorável e deixam os investidores "perplexos".
O ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu que eliminaria o déficit orçamentário, até o fim do ano, mas o equilíbrio não deverá ser alcançado antes de 2023. O jornal lembra que a inflação está controlada, permanece em cerca de 3,5%, e que o Banco Central conseguiu fixar sua taxa básica de juros em 6% - o nível mais baixo da história do Brasil.
Além disso, os US$ 380 bilhões de reservas internacionais protegem o país de um ataque especulativo apesar da volatilidade do mercado internacional. O PIB, entretanto, caiu 7 pontos, a economia ainda não decolou e a retomada do crescimento econômico não aconteceu. O país também continua registrando uma alta taxa de desemprego. Em julho, ela chegava a 11,8% e o mercado informal prospera.
O contexto internacional, lembra Les Echos, pesa sobre a economia brasileira. Há uma desaceleração mundial e as medidas protecionistas se multiplicam. O comércio exterior registrou uma baixa de 10% em agosto. O Brasil precisa de reformas que ainda não foram aplicadas, ressalta Les Echos. Uma delas é a da Previdência, destinada a equilibrar as contas públicas e que ainda deve ser analisada pelo Senado.
A reforma tributária é também necessária, mas o governo ainda não apresentou seu projeto. Em contrapartida, Bolsonaro aprovou um decreto a favor da liberdade econômica para simplificar a vida das empresas, obrigadas a lidar com a burocracia.
As privatizações avançam, aponta a matéria. Várias estatais estão na lista: Eletrobrás, o porto de Santos, e os Correios. O jornal lembra que a empresa francesa Engie já adquiriu uma importante rede de gasodutos da Petrobras e que Bolsonaro já disse que não exclui a hipótese de privatizar a empresa.
Estilo rodeio prejudica imagem do país
O clima polêmico instaurado pelo presidente, pontuado por declarações cáusticas e muitas vezes desrespeitosas, cria uma instabilidade permanente, que pode prejudicar as reformas desejadas pelos investidores, reitera Les Echos. "O presidente de extrema direita expõe suas ideias radicais e coloca um fim nos debates lembrando que é ele quem manda", diz o texto do jornal francês.
O estilo "rodeio", analisa o correspondente francês, que cita a recente troca de farpas com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a Amazônia, prejudica cada vez mais a imagem do país junto aos investidores, que esperam mais pragmatismo para resolver os inúmeros problemas do país.
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