Justiça francesa perdoa grafiteiro que desenhou em estação de metrô
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Um dos grafiteiros mais célebres de Paris, conhecido como Monsieur Chat (Senhor Gato, em francês), estava na mira da Justiça francesa até a manhã desta quarta-feira (29). O artista franco-suíço Thoma Vuille foi indiciado depois de desenhar seu famoso personagem, um sorridente gato amarelo com asas, em uma estação de metrô de Paris. Depois de muita polêmica e pressão de personalidades políticas, o processo foi anulado hoje.
Monsieur Chat ou Thoma Vuille foi indiciado em agosto, depois que a Rede Autônoma de Transportes Parisienses (RATP), responsável pela gestão dos transportes públicos da capital francesa, prestou uma queixa contra o artista.
Há alguns meses grafiteiro fez uma série de desenhos em um dos muros da estação de metrô de Châtelet, no centro de Paris. Na época, o local estava em reforma, e os muros da estação ainda não haviam sido finalizados.
A RATP reclamava o pagamento de € 1,8 mil (cerca de R$ 5,6 mil) do street artist, que se negou a desembolsar a quantia. O objetivo, de acordo com a rede, era “dar o exemplo”.
O caso gerou comoção em toda a França. O grafiteiro desenha há mais de dez anos em muros e construções abandonadas de Paris. O famoso gato de Vuille também já foi levado a Londres, Berlim, Amsterdã, Nova York, Hong Kong, Dacar, entre várias outras cidades.
20 mil assinaturas
Na internet, admiradores e amigos de Monsieur Chat e suas obras conseguiram reunir 20 mil assinaturas em uma petição a favor do artista. Entre os “defensores”, estavam o prefeito de sua cidade, Orléans, no centro da França, e Jérôme Coumet, prefeito do 13° distrito de Paris, bairro onde vive o grafiteiro. Coumet encomendou, inclusive, uma obra do street artist.
Vuille, que poderia ter como pena máxima o pagamento de € 30 mil (R$ 90 mil) e três anos de prisão, diz que espera que o caso abra um debate sobre o street art na França. “Meu avô era pintor de paredes, meu pai era pedreiro. Na nosa casa, pintar os muros nunca foi um crime”, justificou.
Com a anulação do processo pela Justiça, o grafiteiro não vai, definitivamente, guardar seus sprays. Seus gatos sorridentes continuarão batendo asas por onde o vento os levar, seja nos muros de Paris e ou outras cidades do mundo. Agora, segundo ele, os bichanos levarão um sorriso ainda muito mais sarcástico.
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