Cartunista do Charlie Hebdo lança álbum "Catarse" para superar trauma do atentado
O cartunista francês Luz, do jornal satírico Charlie Hebdo, lança nesta quinta-feira (21) o álbum "Catarse" ("Catharsis", na edição em francês), no qual ele conta como enfrentou o trauma provocado pelo atentado terrorista de 7 de janeiro passado. O ataque à redação da publicação, cometido pelos irmãos Kouachi e reivindicado pela Al Qaeda do Iêmen, deixou 12 mortos.
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O desenhista escreve na abertura do álbum: "Um dia um desenho me deixou, o mesmo dia que um punhado de amigos queridos. A única diferença é que ele voltou. Pouco a pouco. Ao mesmo tempo mais sombrio e mais leve".
Com estilos gráficos diferentes, Luz conta a história do reencontro com o desenho e recria a sua vida após o assassinato dos seus amigos, os cartunistas Cabu, Wolinski, Charb, Tignous e Honoré. Ele fala dos pesadelos que o perseguiram nos dias posteriores ao massacre, das crises de paranóia, da angústia de pensar que poderia enlouquecer e da constante proteção policial.
Luz anunciou esta semana que vai deixar Charlie Hebdo em setembro, argumentando que se tornou muito difícil retratar a atualidade. "Os fechamentos [da edição do jornal] se tornaram uma tortura", revelou o artista gráfico ao jornal Libération.
Autor da capa do primeiro número do Charlie Hebdo após o atentado, que mostrava o profeta Maomé chorando, Luz faz poucas alusões ao Islã e aos extremistas. O cartunista já havia afirmado que, depois da grande polêmica provocada pela capa com Maomé, não desenharia mais o profeta dos muçulmanos.
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