Brasileiros apresentam em Paris duo de viola caipira e baixo
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Uma mistura inusitada da música brasileira ganha os palcos de Paris nessa sexta-feira (17). Os instrumentistas Pedro Vaz e Jefferson de Amorim apresentam um duo afinado de viola caipira e baixo elétrico. Em entrevista à RFI, eles falam sobre suas influências e a expectativa para a primeira turnê na Europa.
Para assistir a entrevista na íntegra clique no vídeo abaixo.
Os dois músicos se conheceram na época em que eram estudantes na Universidade de Brasília. E logo perceberam uma oportunidade de inovar.
“Normalmente a viola é um instrumento para solista, mas que costuma ser acompanhada, muitas vezes, pelo violão. Essa é uma formação antiga. Mas nós resolvemos apostar nesse formato novo de baixo elétrico e viola caipira, e acho que deu muito certo”, explica Pedro Vaz.
O duo apresenta na Maison de l’Amerique Latine um repertório composto por arranjos instrumentais de diversos compositores consagrados como: Tião Carreiro, Dominguinhos, Milton Nascimento, Almir Sater e Jacob do Bandolim.
“A gente foi escolhendo músicas que gostava de tocar e ouvir, e foi montando o repertório, a partir de 2013. Então, fazemos uma mistura bem grande do repertório do cancioneiro brasileiro e pegamos algumas músicas que têm letra e transformamos em instrumental”, conta Jefferson de Amorim.
“Nós gostamos de contemplar vários gêneros musicais e ritmos. Para essa apresentação, escolhemos um repertório apenas de música brasileira e latina. Mas, no Brasil, costumamos tocar temas do rock e do jazz e misturar com música caipira. Ou seja, nossa música não tem fronteira”, define Pedro.
O começo, na Suécia
O trabalho começou a ganhar forma quando ambos partiram para um intercâmbio de música na Universidade de Örebro, na província suéca de Närke.
“Nós viajamos para participar de um programa de música na Suécia. E lá trabalhamos bastante juntos. Foi assim que nasceu a semente desse duo. Então, quando voltamos para o Brasil, colocamos isso tudo em prática”, lembra o baixista Jefferson.
Os músicos viajam à França com verbas do fundo de apoio à cultura do Governo Federal. Nessa turnê, eles contam com a participação especial da instrumentista francesa Fabienne Magnant, uma estrageira que toca viola caipira como poucos.
“Eu gosto de tudo da música brasileira mas, particularmente, da viola caipira, que me toca o coração", diz a francesa.
“A Fabienne vai ao Brasil regularmente há alguns anos, onde já tocou com músicos brasileiros importantes. Em 2019, ela foi a Brasília e tocou num evento que eu produzo, chamado A Violada – Circuito autoral das violas brasileiras - do qual foi nossa convidada. E agora temos a oportunidade da fazer o caminho inverso, vindo para Paris”, comemora Pedro Vaz.
Para quem não é familiarizado com a viola caipira, Pedro explica a diferença do instrumento em relação ao violão tradicional. “São cinco pares de cordas, formando dez ao todo. Então, a gente pensa como se fossem cinco cordas, mas tocamos de duas em duas”, ensina.
Homenagem para as vítimas de Mariana
Além de outros compositores, o show inclui músicas próprias. É o caso de “Águas de Mariana”, canção que faz parte do álbum "Dê Espaço ao Tempo", de Pedro Vaz.
“Eu estava começando a compor essa música quando houve o acidente no rio Doce e eu fiquei muito tocado. Depois tivemos outra tragédia, em Brumadinho, e então eu resolvi homenagear o povo de Mariana e das outras cidades que seguem o curso do rio”, afirma o compositor.
“É a primeira vez que viemos nos apresentar na França, mas eu já estive tocando na Suíça e a receptividade do público foi muito boa. Eu acredito que os europeus têm curiosidade e vontade de conhecer a música do mundo”, conclui o violonista.
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