Setor da Cultura na França também sofre efeitos do coronavírus
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Entre cancelamentos e adiamentos de espetáculos, auditórios, museus e festivais são duramente atingidos pela crise do coronavírus. O mundo da cultura na Europa e na França está preocupado, segundo reportagem especial do jornal francês Libération, em sua versão on line.
A medida tomada pelo governo francês, de proibir reuniões de mais de 1000 pessoas, incluindo manifestações, concursos e também concertos e espetáculos, colocou o setor cultural em uma situação difícil. A Itália já está vivendo um "black out" de sua cultura, de acordo com o jornal, já que os italianos devem ficar em casa. “Em todo o país bibliotecas, cinemas, teatros e museus estão fechados, sem exceção”, afirma o Libération.
Na França, desde o começo de março, o setor cultural tentava se organizar, limitando as reuniões a grupos de 5000 pessoas. Com uma centena de salas de espetáculos interditadas, além de festivais, os profissionais estavam em alerta, pedindo ao governo uma data limite para conseguir definir se anulavam ou adiavam os eventos. A data foi definida em 5 de março, com um decreto que limitava os espetáculos até o dia 31 de maio.
Prejuízos
O Sindicato Nacional do Espetáculo Musical, Prodiss, afirmou que caso as atividades culturais fossem interrompidas durante o período, o prejuízo poderia chegar a € 250 milhões. No último sábado, o governo divulgou uma nova data, 15 de abril, poupando, entre outros eventos importantes, o festival de Cannes, que começa 12 de maio. Os organizadores do festival revelaram que não contam com um seguro para cobrir os prejuízos em caso de adiamento.
O lançamento de filmes também foi alterado, como lembra Libération. Distribuidores e produtores tentam evitar um desastre de bilheteria. Este foi o caso do novo James Bond, "Sem tempo para morrer", de "Pinocchio", de Matteo Garone ou ainda do filme francês "Daronne", de Jean Paul Salomé, com Isabelle Huppert.
Pequenas e grandes empresas
Com as limitações impostas pela pandemia, novas e pequenas empresas do setor cultural sofrem consequências, por serem menos sólidas financeiramente, segundo o jornal. "Toda a classe profissional do mundo cultural, do técnico, que trabalha de maneira temporária, ao produtor, todos são afetados", afirma o jornal. "Toda a cadeia, da criação à difusão, que começa a sofrer, teme os efeitos a longo prazo", completa.
Mas os grandes auditórios não estão em melhor situação. A Filarmônica de Paris anulou todos os concertos previsto na sala Pierre-Boulez, que tem 2.400 lugares, até 22 de março. A vinda da orquestra de Cleveland a Paris, foi cancelada e também as apresentações do balé Bolshoi.
Até o ministro da cultura francês, Franck Riester, foi contaminado pelo coronavírus e teve que ficar em quarentena. O diretor da orquestra filarmônica de Paris, Laurent Bayle, se preocupa. "Que gestos simbólicos teremos que fazer para que a música continue a viver, se a proibição durar?", questiona. Para ele, “a música e o teatro sairão enfraquecidos se ficarem em silêncio seis meses".
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