Turquia anuncia medidas para combater queda da moeda

A moeda turca sofreu uma desvalorização record com o anúncio de novas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos do país.
A moeda turca sofreu uma desvalorização record com o anúncio de novas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos do país. REUTERS

A Turquia anunciou nesta segunda-feira (13) uma série de medidas para conter a desvalorização de sua moeda, a lira. Em meio à tensão política com os Estados Unidos, o presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, acusa Donald Trump de armar uma conspiração contra o país, ao duplicar as taxas alfandegárias nas importações de aço e alumínio turcos, o que provocou a queda da lira.

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O Banco Central turco elevou a taxa de reservas obrigatórias para os bancos e, a fim de evitar problemas de liquidez, indicou que irá injetar cerca de 10 milhões de liras, US$ 6 bilhões e o equivalente a 3 bilhões em ouro, na tentativa de conter a crise monetária. A instituição financeira anunciou que fornecerá toda a liquidez que os bancos precisam, acrescentando que tomará "todas as medidas necessárias" para assegurar a estabilidade financeira.

A lira turca já perdeu mais de 40% de seu valor desde o início do ano e agora derruba também o euro, pela exposição de alguns grandes bancos europeus com filiais na Turquia, como o francês BNPParibas e o italiano Unicredit. O ministro da Economia alemão adverte que as provocações de Trump vão destruir o crescimento mundial.

A Bolsa de Tóquio fechou em forte baixa nesta segunda-feira (-1,98%), sob influência da sexta-feira trágica na Turquia, quando a lira desvalorizou 16%. A Turquia também já abriu seus mercados com perdas neste começo de semana e a lira turca caiu para uma nova baixa recorde, chegando pela primeira vez abaixo de 7 libras contra um dólar. Depois do anúncio do banco central, houve leve recuperação e o câmbio chegou a 6,65 liras turcas por um dólar às 6h30, horário GMT.

Líderes religiosos no centro das tensões

No centro da batalha entre Estados Unidos e Turquia está o destino do pastor americano Andrew Brunson, atualmente em julgamento na Turquia por "terrorismo" e "espionagem". Ele está em prisão domiciliar desde o final de julho, após um ano e meio na prisão. Os Estados Unidos solicita a libertação imediata do Pastor Brunson que pode pegar até 35 anos de prisão, enquanto a Turquia pede a extradição de Fethullah Gulen, um pregador turco que vive há quase 20 anos em solo americano e é suspeito de ser o arquiteto do golpe fracassado de julho de 2016.

Além dessas tensões, os economistas estão preocupados com o estrangulamento da economia de Erdogan, que se fortaleceu após sua reeleição em junho passado. Os mercados pedem que o Banco Central aumente ainda mais suas taxas para sustentar a lira e controlar a inflação galopante, que atingiu quase 16% em julho na comparação anual.

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