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Brasileiro no futebol alemão fala sobre volta aos gramados: "medo ainda existe"

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O campeonato alemão de futebol retomou neste fim de semana, após mais de dois meses parado por causa da pandemia do coronavírus. Ao contrário da Holanda e França, que encerraram seus campeonatos nacionais seguindo determinação dos governos devido à crise sanitária, a Alemanha decidiu retomar a competição. 

O jogador brasileiro Raffael, do Borussia M'Gladbach.
O jogador brasileiro Raffael, do Borussia M'Gladbach. INA FASSBENDER / AFP
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O país foi considerado um exemplo na gestão da crise e o retorno às competições esportivas foi possível diante da situação no país ser considerada controlada em relação ao contágio. Mas com a curva ascendente de casos de Covid-19 nos últimos dias e a possibilidade de uma segunda onda da doença, o campeonato corre o risco de nova paralisação.

O torneio foi suspenso em 12 de março e a volta acontece na 27ª jornada, para alegria dos fãs do esporte.

O meio-campista brasileiro Raffael, do Borussia M’Gladbach, viveu momentos de incerteza, até que, aos poucos, a situação começou a se estabilizar e o isolamento social foi sendo relaxado gradualmente. 

"A situação aqui teve uma melhora, eu posso trabalhar normalmente e os meus filhos podem voltaram para a escola. Muitos comércios abriram. Não tem motivo para pânico na Alemanha", afirmou na entrevista à RFI.

No entanto, Raffael, que joga sua sétima temporada no Borussia M’Gladbach, admite que ainda há muito receio em relação à doença. "O medo ainda existe, mas precauções temos que tomar sempre, até porque o vírus não foi eliminado por completo, mas medo ainda existe um pouco."

Adaptação dos jogadores

A volta aos treinos, que antecedeu a confirmação da retomada do campeonato, foi de grande adaptação para os atletas. Todos os clubes adotaram medidas rígidas de distanciamento entre os jogadores.

"No começo foi estranho [risos]. Treinávamos de dois em dois e todos se perguntavam o porquê. Depois de semanas, passamos para cinco e, depois, para 10 jogadores. Um grupo de manhã e outro à tarde", lembra.

O jogador descreve a dificuldade de manter a distância física durante os treinos. "É impossível não ter contato. Mas, nos últimos dias, fizemos testes para o coronavírus e todos deram negativo", explicou. 

Sob normas rígidas, as últimas nove rodadas do campeonato serão sem público, o que não é estimulante para os atletas em campo. "Nós já jogamos uma vez assim, é estranho, não é bom, parece mais um treinamento, mas isso será preciso para segurança de todos", lamenta.

A motivação, decididamente, não é a mesma de quando há milhares de pessoas nas arquibancadas. "Não é como se os torcedores estivessem no estádio, mas a gente procura esquecer e fazer o melhor", diz.

Fim de carreira

Com passagem pela Suíça, antes de chegar à Alemanha, Raffael espera continuar contribuindo para a boa campanha do Borussia M’Gladbach, que pretende terminar o campeonato entre os quatro primeiros para garantir uma das vagas do país na Liga dos Campeões. Apesar da volta de lesão, ele não está atuando como titular, mas conta com o apoio do treinador.

Aos 35 anos, o jogador cearense já vislumbra um final de carreira. "Eu me sinto bem fisicamente, não tenho muitos problemas e pretendo ainda jogar dois, ou no máximo três anos, ainda acredito que posso", conclui. 

O meio-campista brasileiro Raffael foi entrevistado pelo repórter Marco Martins.

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