Apesar do fim do sonho da Champions, PSG e Neymar terminam temporada com saldo positivo
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Foi a melhor temporada da história do Paris Saint-Germain. Entre 2019 e 2020, teve festa, gols, troféus e quase teve também a concretização do objetivo maior. No entanto, o sonho do inédito título da Liga dos Campeões da Europa acabou. Com a derrota na decisão para o Bayern de Munique, por 1 a 0, no domingo (23) em Lisboa, houve choro de Neymar no gramado do estádio da Luz e muita decepção no time francês. Porém, com quatro taças levantadas e uma final em cinco campeonatos disputados, o saldo da temporada é positivo.
Tiago Leme, de Lisboa, especial para RFI
Pela primeira vez, o PSG conseguiu chegar à final da Champions League. Além disso, antes da derrota para o Bayern, a equipe tinha conquistado o Campeonato Francês, a Copa da França, a Copa da Liga Francesa e a Supercopa da França.
Com isso, o jornalista francês Eric Frosio, da revista France Football, fez um balanço bom e destacou qualidades apresentadas pelo PSG. Por outro lado, viu alguns pontos negativos, principalmente na falta de entrosamento no time comandado pelo técnico alemão Thomas Tuchel.
“Foram quatro títulos nacionais e agora uma final, então acho que o saldo é positivo. O espírito do grupo é bem legal, o Tuchel conseguiu isso pelo menos, mas acho que ele não conseguiu entrosar um time. Era tudo nas costas do Neymar, do Mbappé e vamos lá que eles vão tentar resolver, era um pouco o plano dele. Isso me decepcionou um pouquinho porque eu achei que ele ia conseguir entrosar de uma forma mais global. Acho que o presidente, o Leonardo [diretor esportivo] vai reclamar um pouco disso com ele. Mas no final das contas, foram quatro títulos, uma final de Liga dos Campeões, um espírito bom, amizade dentro do elenco, acho que tudo isso vai fazer o Tuchel continuar”, analisou o jornalista.
Frosio também falou sobre Neymar, que teve ótimas atuações e jogou sua primeira temporada em três anos em Paris sem ter uma lesão grave. Fora de campo, também mudou de comportamento e reconquistou os torcedores, depois de ter sido até vaiado quando tentou voltar ao Barcelona. Na decisão deste domingo contra o Bayern, no entanto, o camisa dez brasileiro não foi bem em campo e recebeu a nota 3 na avaliação do jornal L’Équipe.
“O balanço dele é bem positivo, porque realmente ele saiu das polêmicas, ele fez um ano bem interessante, voltou aos holofotes, mas só para falar de futebol. Infelizmente, no último jogo, ele não resolveu, eu achei que ele ia conseguir, mas depois de ter perdido algumas chances nas quartas e na semi, de novo ele perdeu uma chance boa contra o Neuer, que não é fácil. Depois quando estava começando a ser complicado, ele começou a tentar resolver tudo um pouco sozinho, tipo estilo futsal, e não é o melhor Neymar assim. Eu gosto dele quando ele vai para cima, mas com a ajuda dos companheiros, de forma coletiva. Então, acho que ele se perdeu um pouquinho no final, estava meio desesperado, mas tudo isso vai fazer ele crescer. Espero que ele possa continuar em uma forma boa no PSG no ano que vem e com o Mbappé”, disse Eric Frosio.
Torcida pelas ruas de Lisboa e Paris
Sem torcida dentro do estádio por causa do coronavírus, os fãs do PSG se reuniram em bares e ruas de Lisboa para assistir à decisão deste domingo. Mas a concentração maior de pessoas foi em Paris, em lugares como a avenida Champs-Élysées e o Parque dos Príncipes, estádio do PSG. Após o apito final, a decepção com o resultado negativo foi grande, mas o sentimento também foi de orgulho pelo desempenho do time na temporada, como explicou o torcedor parisiense Eridan Reva.
“O Bayern jogou melhor. O PSG teve algumas chances, mas a melhor equipe ganhou hoje. Eu sinto que nós não estamos acostumados com esse nível de competição e foi o Bayern que impôs o ritmo de jogo. Nós jogamos contra a melhor equipe do mundo e, para ganhar este tipo de jogo, a equipe precisa ser 100% eficaz”, avalia.
Eridan também comentou sobre a reviravolta na carreira de Neymar, que foi um dos grandes responsáveis por deixar o Paris Saint-Germain perto de conquistar o título da Champions. O atacante foi bastante elogiado pela performance nas vitórias nas oitavas de final contra o Borussia Dortmund, nas quartas de final contra a Atalanta e na semifinal contra o Leipzig. Na final, houve queda de rendimento, mas fica a esperança para ele brilhar novamente na temporada 2020/2021 e ir em busca do título europeu.
“Sobre o Neymar, foi o primeiro ano que ele jogou a temporada toda sem lesão, e ele fez o que a gente e o PSG esperava dele. Ele fez uma temporada excepcional, não apenas no nível de jogo, mas também em relação à sua atitude. Infelizmente, a final foi complicada. Mas se na próxima temporada ele igualar esse estado de espírito, com certeza ele vai nos ajudar a ganhar a Liga dos Campeões”, comentou o torcedor.
Neymar foi às lágrimas após o fim da partida em Lisboa e foi consolado pelo zagueiro austríaco Alaba, do Bayern. O camisa dez do PSG não concedeu entrevistas no estádio, mas depois postou uma mensagem de agradecimento nas redes sociais: “Perder faz parte do esporte, tentamos de tudo, lutamos até o final. Obrigado pelo apoio e carinho de cada um de vocês. Parabéns aos Bayern”.
O desafio continua dentro do PSG
Apesar da derrota na capital portuguesa, o técnico Thomas Tuchel destacou a boa campanha da equipe e elogiou o grupo, em conferência de imprensa no estádio da Luz.
“Eu penso que nós criamos durante dois anos uma atmosfera, um ambiente especial, com respeito entre os jogadores e o staff, sem isso não seria possível chegar a quatro títulos e uma final. É absolutamente necessário continuar com esse espírito, com essa mentalidade, é absolutamente necessário também criar um grupo forte. A gente perdeu muitos jogadores-chave, e por isso a gente deve agora criar ainda uma equipe forte, uma equipe grande que possa continuar esse percurso. Nunca é fácil. Esse vai ser o desafio, continuar”, afirmou.
O treinador do PSG também deixou no ar a possibilidade de o zagueiro Thiago Silva renovar seu contrato com o clube, apesar de o próprio atleta brasileiro ter dito que este teria sido o seu último jogo pela equipe.
“Eu vou falar essas coisas com o clube, com o Leonardo. Sobre o Thiago, eu posso dizer que foi um prazer tê-lo como capitão, um jogador com a personalidade como a dele, e a qualidade evidentemente. Ele prolongou o contrato por dois meses com a gente e deixou o coração, toda a energia, tudo em campo. Ele esteve concentrado e deu tudo para ganhar essa Liga dos Campeões, ele absolutamente merecia ganhar. Sou muito orgulhoso de ele ter sido meu capitão, e a gente vai falar agora com o clube e com ele para esclarecer a situação, para continuar. Mas seja qual for a decisão, ele vai continuar sempre no meu coração”, disse Tuchel.
O Paris chegou perto do sonho, mas quem comemorou mesmo foi o Bayern de Munique, graças a um gol de Coman no segundo tempo. O jogador francês de 24 anos foi revelado nas categorias de base do PSG, mas deixou o clube em 2014.
O brasileiro Thiago Alcântara, naturalizado espanhol, também se destacou na final, e Philippe Coutinho entrou em campo após o intervalo. Com o apito final em Lisboa, a festa foi do time alemão, que levantou a taça da Liga dos Campeões pela sexta vez na história.
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