Djokovic está isento da vacina porque teve Covid em dezembro, dizem advogados

O tenista Novak Djokovic não desiste e pede neste sábado (8) para ser liberado e participar do Aberto da Austrália. O tenista, que teve sua entrada no país recusada por motivos sanitários e está detido em um centro de retenção de imigrantes de Melbourne desde a última quarta-feira (5), garante que está isento da vacina porque testou positivo para a Covid em 16 de dezembro de 2021.

Djokovic agradeceu no Instagram o apoio dos fãs contra sua detenção na Austrália.
Djokovic agradeceu no Instagram o apoio dos fãs contra sua detenção na Austrália. Greg WOOD AFP/File
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Os advogados de Novak Djokovic, entraram com um recurso no Tribunal Federal australiano contra o cancelamento do visto de entrada do tenista no país. O sérvio teve o visto cancelado porque não apresentou certificado de vacinação anticovid. Os advogados informaram que Djokovic pode se beneficiar da isenção da vacina exigida pelas autoridades australianas porque testou positivo para a Covid há menos de um mês.

A defesa de Djokovic também pediu que o tenista deixe do centro de retenção onde está detido, seja transferido para outro local e possa participar do Aberto da Austrália. O número 1 do mundo quer poder começar a treinar para o torneio que começa no próximo dia 17 de janeiro e é o primeiro Grand Slam de 2022.

Mensagem de agradecimento aos fãs

Um pouco mais cedo o tenista agradeceu em mensagem na internet o apoio que vem recebendo nas últimas horas de fãs “ao redor do mundo". "Obrigado à minha família, meus amigos, a Sérvia e todas as pessoas boas ao redor do mundo que me enviaram seu apoio. Agradeço a Deus pela saúde", escreveu ele em uma mensagem em sérvio.

Eu "posso sentir” esse apoio e “estou muito agradecido", escreveu também, em inglês. O tenista número 1 do mundo também desejou um Feliz Natal aos ortodoxos.

Desde que foi retido, seus fãs e pessoas que apoiam sua postura têm se manifestado publicamente, em Melbourne mas principalmente na Sérvia, onde é um ídolo nacional. "O que este homem está vivendo é uma vergonha", criticou à AFP Dusan Stojic, um aposentado de 67 anos com lágrimas nos olhos que compareceu a uma manifestação de apoio ao tenista no Parlamento sérvio.

Protestos em Belgrado

O pai de Novak, Srdjan Djokovic, convocou mais um dia de protestos em Belgrado. "Meu filho está na prisão há três dias. É o melhor atleta do mundo. Ele não desrespeitou nenhuma lei desse país", declarou à imprensa.

O tenista não será expulso da Austrália antes de segunda-feira (10), data de sua audiência com um juiz em Melbourne. Ele está no centro de retenção, localizado no antigo Hotel Park, que abriga 32 refugiados e candidatos ao asilo, detidos pelo rígido sistema de migração australiano.

A dez dias do início do torneio, que acontece de 17 a 30 de janeiro, o suspense sobre a participação de Djokovic continua. O sérvio espera ainda poder buscar seu décimo troféu em Melbourne, o quarto consecutivo, e quebrar o recorde de 21 Grand Slams. Apenas ele, Roger Federer e Rafael Nadal ostentam 20 títulos dos maiores torneios do tênis.

O caso também coloca em dúvida o restante da temporada, especialmente nos Estados Unidos, que também exige a vacinação para a entrada em seu território. O sérvio sempre se mostrou cético em relação às vacinas e nunca revelou se foi imunizado.

"Como na prisão"

A Austrália quase não permite a entrada de estrangeiros em seu território e os poucos autorizados devem apresentar comprovante de vacinação completa, ou isenção médica.

O sérvio obteve dispensa médica dos organizadores da competição, mas os requisitos das autoridades nacionais são diferentes. A infecção recente de Covid permite que o tenista dispute o torneio, mas essa condição não garante o acesso ao país.

Outros tenistas estão na mesma situação de Djokovic. A tcheca Renata Voracova, especialista em duplas, também teve o visto cancelado e informou estar no mesmo centro de retenção que o número 1 do mundo. "Me trazem comida e há um guarda no corredor. Tudo é racionado. Eu me sinto um pouco como em uma prisão", afirmou a tenista de 38 anos em entrevista aos jornais tchecos DNES e Sport.

A Federação Australiana de Tênis é acusada de ser responsável pela situação. No entanto, em um vídeo divulgado pela imprensa local, o dirigente da instituição, Craig Tiley, respondeu às críticas dizendo que sua equipe fez um “trabalho incrível”.

Muitos australianos críticos ao governo do primeiro-ministro Scott Morrison veem essa polêmica como uma distração a poucos meses das eleições.

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