Greve na Espanha tem 70% de adesão, segundo as centrais sindicais
A primeira greve geral em oito anos na Espanha paralisa os transportes e a indústria. Outros países da Europa também protestam nesta quarta-feira contra os planos de austeridade lançados pelos governos para reduzir a dívida pública, na Jornada Europeia de Ação Sindical.
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Luísa Belchior / Lúcia Fróes
Pela primeira vez desde a reabertura democrática da Espanha, há mais de 30 anos, os trabalhadores do país pararam em massa nesta quarta-feira. Cerca de 70% dos serviços como transportes, educação e comércio, além de fábricas, mercados e até canais de televisão deixaram de funcionar.
Luísa Belchior, correspondente da RFI em Madri
A greve geral que mobilizou todo o país é um protesto contra a reforma trabalhista que o governo de José Luis Rodríguez Zapatero aprovou no mês passado. Com ela, a Espanha facilita a demissão de funcionários em empresas, além de atrasar a aposentadoria dos espanhóis, o que enfureceu a população. Segundo os sindicatos, cerca de 10 milhões de trabalhadores aderiram à greve.
Jornada europeia de ação sindical
Nesta quarta-feira acontece em toda a Europa a Jornada Europeia de Ação Sindical. O objetivo é protestar contra os planos de austeridade adotados pelos governos locais para combater os efeitos da crise econômica mundial. Entre 80 mil e 100 mil sindicalistas desfilaram em Bruxelas e milhares de outros em diversos países europeus como Espanha, Portugal, Grécia e Irlanda. Convocada pela Confederação Europeia de Sindicatos, a manifestação gigantesca tem também por objetivo apoiar a primeira greve geral dos trabalhadores espanhóis em oito anos. Os sindicalistas protestam contra os cortes nos gastos públicos e a alta taxa de desemprego na população europeia em geral.
A crise financeira mundial está colocando os europeus diante de um dilema. De um lado, eles sabem que devem fazer reformas fiscais e econômicas para evitar o aumento dos déficits e das dívidas. Por outro lado, estão conscientes de que essas medidas vão atingir principalmente os idosos, os pobres, os doentes e o serviço público. Analistas avisam que elas poderão também acelerar a queda de governos enfraquecidos como os da Irlanda e de Portugal. E, a longo prazo, complicar as tentativas de reeleição de dirigentes como o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
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