Em referendo sobre autonomia fiscal na Lombardia e Vêneto, extrema-direita é grande vencedora
O partido de extrema-direita Liga do Norte saiu vitorioso e fortalecido dos referendos realizados neste domingo (22) nas regiões da Lombardia e do Vêneto. O objetivo das consultas não era reivindicar a independência das regiões, como acontece atualmente na Catalunha, mas sim obter maior autonomia fiscal.
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma
O referendo de consultação na Lombardia e no Vêneto alcançou seu objetivo: ampliar a própria autonomia fiscal. Estas duas regiões estão entre as mais ricas da Itália, reúnem 12 milhões de habitantes e produzem 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
No Vêneto votaram quase 60% dos eleitores; com mais de 90% dos votos a favor do "sim". Esta região conseguiu o quórum superior a 50% e validou a consultação. Já na Lombardia compareceram 40% dos eleitores, mas não havia limite para que o referendo fosse válido.
Pela primeira vez a Lombardia usou um sistema de voto eletrônico com tablets nas cabines, mas ao contrário do que se esperava, a revelação dos resultados foi ainda mais lenta do que o previsto. Os escrutinadores protestaram porque tiveram que ficar até a madrugada desta segunda-feira (23) para contar os votos eletrônicos.
Negociações com o governo nacional
A partir de agora a Lombardia e o Vêneto deverão negociar com o governo nacional a emancipação fiscal em diversos setores como o financiamento público, trabalho, energia, infraestrutura, educação, entre outras. Após o entendimento entre o Estado e as regiões, deverá ser aprovada uma lei pela maioria absoluta seja na Câmara dos Deputados e no Senado. As duas regiões querem que 90% dos impostos arrecadados fiquem no próprio território.
A vitória do "sim" também reforçou politicamente os dois governadores Roberto Maroni, da Lombardia, e Luca Zaia, do Vêneto, ambos da Liga Norte, partido de extrema-direita em um momento delicado para a Europa com o crescimento de movimentos anti-migratórios. Embora o apoio ao referendo tenha sido transversal, porque vários prefeitos de centro esquerda querem a emancipação fiscal.
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