Manifestantes se reúnem em três cidades de Portugal para denunciar racismo e violência policial

Portugal se tornou palco de diversas manifestações antirracismo neste domingo (16), que acontecem simultaneamente nas cidades de Lisboa, Porto e Braga. “Stop brutalidade policial racista”, dizem os panfletos de associações como SOS Racismo, Plataforma Gueto, Solidariedade Imigrante, Afrolis e diversas outras.

Panfleto da manifestação contra violência policial e racismo
Panfleto da manifestação contra violência policial e racismo Reprodução Associação SOS Racismo
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Com informações de Mary-Line Darcy, correspondente da RFI em Lisboa

A mobilização foi motivada sobretudo pelo processo contra 17 policiais por tortura e racismo contra jovens negros da Cova da Moura, região metropolitana de Lisboa. “Os vários casos de racismo que têm sido discutidos na praça pública são só a ponta do iceberg daquilo que as nossas comunidades sofrem no seu dia a dia, sem que se faça justiça”, informa o comunicado da organização SOS Racismo.

“Estamos no meio das audiências que estão acontecendo. Conseguimos finalmente levar a atitude racista constante da polícia ao tribunal”, afirmou à RFI Anabela Rodrigues, do Grupo do Teatro do Oprimido de Lisboa. Ela diz que a manifestação tem também o intuito de “lembrar que Portugal é racista”.

“Estamos fartos”, diz ativista

Pimênio, porta-voz da comunidade de ciganos, declarou à RFI que está “farto”. “Viemos para mostrar que estamos aqui. Existimos. Somos vítimas e estamos morrendo nas ruas. Portugal quer fechar os olhos, não querem ouvir, mas nós vamos gritar”.

“As agressões policiais a negros, ciganos e imigrantes acontecem nos bairros, nas ruas, nos transportes públicos. Perante elas, o Estado português pouco ou nada faz. Moradores da Cova da Moura foram agredidos debaixo de insultos racistas”, continua o manifesto do SOS Racismo.

A associação também lembra diversos casos por todo o país, como o de Nicol Quinayas, no Porto, “agredida por um segurança da empresa 2045 enquanto era alvo de insultos racistas” ou de Igor, jovem cigano de Beja, na região do Alentejo, baleado na cabeça por um policial.

“Todos sabem da infiltração da extrema-direita nas forças de segurança. Não nos esquecemos de Elson Sanches ‘Kuku’, do MC Snake, do Musso e de todos aqueles que morreram ou foram agredidos pelas autoridades policiais, sem que tenha sido feita justiça”, denuncia SOS Racismo.

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