Cresce a pressão para a OIT cortar laços com indústria do cigarro
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A guerra contra o tabagismo que já ocupa hospitais e órgãos de saúde pública se intensifica, também, no campo da diplomacia e no mundo do trabalho.Cerca de 100 grupos que lutam contra a indústria do fumo em todo o mundo pediram para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) romper vínculos financeiros e parar de aceitar fundos de empresas desse setor.
Em uma carta endereçada ao Conselho de Administração da OIT na terça-feira (30), vários grupos de defesa da saúde e antitabagistas alertaram que a organização corre o risco de "manchar sua reputação e a eficácia de seu trabalho", caso não corte suas ligações com a indústria do cigarro.
O pedido dessas organizações não-governamentais foi feito na véspera em que esta agência da ONU inicia, mais uma vez, um amplo debate sobre essa questão polêmica. Os debates começaram na quarta-feira (31), mas a discussão continuou nessa quinta-feira (1°), conforme informou um porta-voz da OIT. As discussões podem se estender até 8 de novembro, data de encerramento da reunião da entidade.
Contudo, não está claro quando a OIT poderá tomar essa decisão, já que a agência já debateu e adiou essa questão três vezes no último ano e meio.
Esta agência da ONU responsável por estabelecer padrões internacionais de trabalho tem sido muito criticada por suas parcerias com empresas de tabaco e já foi acusada de pôr em risco esforços globais que têm sido feitos para regular o consumo e reduzir os efeitos negativos à saúde provenientes do hábito de fumar.
Nos próximos dias, a diretoria da OIT deve decidir se vai se juntar às outras agências da ONU - em particular a Organização Mundial da Saúde (OMS) - no compromisso de cortar severamente qualquer colaboração com essa indústria.
Até agora, a OIT explicou que os vínculos financeiros com a indústria tabagista ajudam a melhorar as condições de trabalho de cerca de 60 milhões de pessoas empregadas na produção de tabaco e cigarros em todo o mundo.
Desde 2011, a agência da ONU recebeu mais de US$ 15 milhões da Japan Tobacco International e de grupos ligados a algumas das maiores empresas de tabaco a título de "parcerias beneficentes", para ajudar a reduzir o trabalho de crianças nos campos de plantação de fumo.
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