Alemanha anuncia ter controlado Covid-19

Após um mês de restrições sociais, a Alemanha, o quinto país mais afetado do mundo pela Covid-19, anunciou nesta sexta-feira (17) que epidemia está "sob controle" no país. Berlim promete uma produção maciça de máscaras de proteção.

O Ministro da Saúde alemão Jens Spahn, e outros responsáveis do governo visitam uma unidade de terapia intensiva Lena Mueller no Hospital Universitário de Giessen e Marburg, em Giessen, Alemanha, no dia 14/04/2020.
O Ministro da Saúde alemão Jens Spahn, e outros responsáveis do governo visitam uma unidade de terapia intensiva Lena Mueller no Hospital Universitário de Giessen e Marburg, em Giessen, Alemanha, no dia 14/04/2020. REUTERS - POOL
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"Podemos dizer agora que as ações têm funcionado. Conseguimos passar de um crescimento dinâmico a um crescimento linear e as taxas de infecção diminuíram de maneira significativa", destacou o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn. "Outro dado importante e encorajador é que, desde 12 de abril, mais pessoas são curadas todos os dias do que o número de novas infecções", disse ele em entrevista coletiva, explicando ainda que a Alemanha já testou, até o momento 1,7 milhão de pessoas.

A estratégia alemã para lidar com o coronavírus também tornou possível, de acordo com o ministro, que o sistema de saúde não fosse sobrecarregado pelo fluxo de pacientes. Dos 40.000 leitos de terapia intensiva disponíveis no país, um quarto está disponível atualmente.

A taxa de infecção de pessoa para pessoa caiu para 0,7% na Alemanha, de acordo com dados divulgados na noite desta quinta-feira (16) pelo Instituto Robert Koch, a autoridade federal responsável pelo monitoramento epidemiológico. É a primeira vez que esse índice cai abaixo de 1%, destacou o presidente da instituição, Lothar Wieler, lembrando que a taxa foi de 1,3% no início do mês.

Esse indicador é crucial para as autoridades de saúde, pois permite planejar as ações para a saída do confinamento, que forçou o fechamento de escolas e da maioria dos estabelecimentos comerciais.

Além disso, essa é uma informação importante para medir a capacidade do sistema de saúde de absorver o choque da epidemia. Na quarta-feira (15), a chanceler Angela Merkel alertou que qualquer aumento adicional na taxa de infecção "sobrecarregaria" o sistema de saúde alemão. Com uma taxa "em torno de 1,1%, poderíamos atingir os limites do nosso sistema de saúde em termos de leitos em terapia intensiva até outubro", alertou ela. “Com uma taxa de 1,2%, atingiríamos os limites do nosso sistema de saúde em julho e, com uma taxa de 1,3, já chegaríamos em junho” acrescentou.

A Alemanha contabilizou nesta sexta-feira 133.830 casos do novo coronavírus (3.380 nas últimas 24 horas) e 3.868 mortes, segundo o Instituto Robert Koch.

Reabertura gradual

Sem optar por um confinamento rigoroso, a Alemanha impôs restrições significativas em todo o território, desde o fechamento de escolas e locais culturais até a proibição de agrupamentos nas ruas. O país, que recebeu dezenas de pacientes franceses e italianos em seus hospitais,  poderá agora aliviar o isolamento.

A partir de segunda-feira (20), lojas de até 800 metros quadrados serão autorizadas a reabrir as portas, desde que sigam regras rígidas de higiene. As escolas vão retomar as aulas a partir do dia 4 de maio, começando pelos alunos mais velhos.

Grandes eventos, como concertos ou competições esportivas, permanecem proibidas até pelo menos 31 de agosto. Agrupamentos de mais de 2 pessoas também são interditados em locais públicos e os alemães devem respeitar uma distância mínima de 1,5 metro. Teremos que "aprender a conviver com o vírus", insistiu o ministro da Saúde.

Produção de máscaras

Para evitar a retomada da epidemia, a Alemanha vai incentivar o uso de máscaras. Porém, diferentemente da vizinha Áustria que, nesta fase, decidiu obrigar o uso de máscaras em lojas e transportes públicos em todo o país, o governo federal alemão e os 16 Länders contentaram-se em "recomendá-las fortemente".

Jens Spahn informou que empresas alemãs produzirão 50 milhões de máscaras por semana a partir de agosto, incluindo 10 milhões do tipo FFP2, que apresentam uma proteção maior contra o coronavírus. "Assinamos contratos com 50 empresas que desejam produzir 10 milhões de máscaras FFP2 e 40 milhões de máscaras cirúrgicas a partir de agosto", declarou o ministro.

Um experimento com o uso obrigatório de máscaras na cidade de Iena (Turíngia) tende a demonstrar a sua eficácia. Nenhum novo caso foi registrado na localidade por uma semana, segundo a imprensa alemã.

 

Com informações do correspondente da RFI em Berlim, Pascal Thibault.

 

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