Ex-monarca da Espanha será investigado por contrato suspeito com a Arábia Saudita
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O Supremo Tribunal espanhol anunciou nesta segunda-feira (8) a abertura de uma investigação para determinar se o ex-rei da Espanha, Juan Carlos, tem responsabilidade criminal em um suposto caso de corrupção de um contrato ganho por um consórcio espanhol para construir o trem de alta velocidade entre Meca e Medina, na Arábia Saudita.
A Justiça investiga esses fatos desde 2018. Em virtude da imunidade do rei emérito, apenas a Suprema Corte pode investigar o ex-monarca, agora com 82 anos, e apenas por atos cometidos após a sua abdicação. Juan Carlos I abdicou do trono em 2014, em favor de seu filho Felipe, quando o fim de seu reinado foi manchado por vários escândalos e, em particular, por suspeitas sobre sua fortuna e estreitas relações com a família real saudita.
"O objetivo desta investigação é precisamente estabelecer ou descartar a relevância (de um processo criminal) dos eventos que ocorreram após junho de 2014, data em que o rei emérito deixou de ser protegido por inviolabilidade", afirmou o Ministério Público espanhol em um comunicado à imprensa.
A investigação foi aberta em setembro de 2018, após a publicação de registros da ex-amante de Juan Carlos, Corinna Zu Sayn-Wittgenstein, que alegou que o soberano havia recebido uma comissão pela concessão de um contrato de € 6,7 bilhões para a construção de um trem de alta velocidade entre Meca e Medina, a um consórcio de empresas espanholas. "Seria um possível crime de corrupção em transações comerciais internacionais", afirmou a promotoria espanhola.
Imprensa internacional já havia publicado suspeitas
O jornal suíço Tribune de Genève afirmara, no início de março, que Juan Carlos havia recebido, em 2008, US $ 100 milhões do rei Abdullah da Arábia Saudita, em uma conta na Suíça, de uma fundação panamenha. No mesmo mês, o jornal The Daily Telegraph informou que Felipe VI também foi beneficiário dessa fundação.
Após a publicação desses artigos, Felipe VI retirou do pai uma doação anual do Palácio Real estimada em mais de € 194.000 por ano. O rei de Espanha, Felipe VI, anunciou em maio que renunciava a qualquer futura herança a que tenha direito do seu pai, o rei emérito Juan Carlos, depois de serem reveladas supostas irregularidades financeiras envolvendo o ex-monarca.
A Casa Real espanhola ainda não reagiu a esta investigação ao rei emérito.
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