Declaração de cientista sobre gestão de confinamento ofusca anúncio de reabertura de comércios no Reino Unido

Boris Johnson saindo de sua residência oficial para a sessão de controle no Parlamento britânico, em 10 de junho de 2020 em Londres
Boris Johnson saindo de sua residência oficial para a sessão de controle no Parlamento britânico, em 10 de junho de 2020 em Londres AFP

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou nesta quarta-feira (10) o relaxamento de algumas regras de isolamento da população, estabelecido para lutar contra o coronavírus. Mas os anúncios, destinados a melhorar o ânimo dos britânicos, foram ofuscados pelas declarações de um dos cientistas conselheiros do governo.

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Diante de uma comissão parlamentar, o epidemiologista da universidade King’s College, Neil Ferguson, afirmou nesta quarta-feira, que se o confinamento tivesse sido estabelecido uma semana antes de 23 de março, data em que começou a valer, o Reino Unido teria conseguido reduzir “ao menos pela metade o número final de mortos.”

Ferguson faz parte de um grupo de cientistas que aconselham o governo sobre a covid-19 e foi um dos autores do modelo matemático que fez o governo decretar o confinamento. 

O cientista disse que a aceleração de casos de contágio aconteceu porque milhares de infectados que chegaram da Espanha e da França não foram identificados imediatamente. 

Questionado durante a coletiva com a imprensa em que anunciou a flexibilização de algumas regras de isolamento social, o premiê Boris Johnson respondeu que considerava “prematuro” responder a essas perguntas. As “boas decisões foram tomadas no bom momento”, se defendeu.

Com dificuldades diante do duro balanço de mortes pela Covid-19 no Reino Unido, o premiê elogiou os esforços “incríveis” de seu país para combater o coronavírus. 

Segundo números oficiais publicados nesta quarta-feira, 41.128 pessoas morreram de Covid-19 no Reino Unido. Estes dados correspondem a pacientes testados para o coronavírus. Se incluídos os casos suspeitos, o número de mortos ultrapassa 50.000, o maior da  Europa e o segundo do mundo, depois dos Estados Unidos.

Recuo lento

Segundo o conselheiro científico do governo, Patrick Vallance, “a epidemia recua, mas devagar”, com uma estimativa de 5.000 a 6.000 novas contaminações por dia.

“Ainda não estamos no fim da epidemia, nem de longe. Estamos no meio”, afirmou o chefe dos serviço sanitários, Chris Whitty.

Mas os serviços de saúde não estão sobrecarregados, o nome de novas mortes está baixando, assim como o de contaminações e hospitalizações. “Nós podemos continuar a ajustar o confinamento na Inglaterra”, anunciou Boris Johnson.

Todos os comércios, que estão fechados desde o fim de março, poderão abrir na segunda-feira (15). Os lugares de culto como igrejas e mesquitas também, para orações individuais, mas bares, restaurantes e salões de beleza terão que esperar até pelo menos 4 de julho. 

A partir deste fim de semana, as pessoas sozinhas, com ou sem filhos, poderão se reencontrar com outras famílias, em suas casas. Fora isso, somente estão autorizados, em lugares públicos, grupos de no máximo 6 pessoas, guardando uma distância de segurança de 2 metros.  

 

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