Crise migratória: países da UE preparam novas sanções contra Belarus

Migrantes carregam seus pertences antes de deixar um acampamento em Belarus
Migrantes carregam seus pertences antes de deixar um acampamento em Belarus Leonid SHCHEGLOV BELTA/AFP

Os países da UE vão adotar novas sanções contra Belarus "nos próximos dias", em resposta à crise migratória nas fronteiras do leste do bloco, anunciou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, nesta segunda-feira (15). De acordo com o diplomata, o novo pacote de sanções incluirá "um número significativo" de cidadãos e empresas bielorrussas por "facilitarem o cruzamento ilegal de fronteiras para a UE".    

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O chefe da diplomacia europeia fez o anúncio após uma reunião dos 27 ministros europeus das Relações Exteriores, em Bruxelas. "Agora poderemos levar em conta especificamente aqueles que exploram migrantes vulneráveis e facilitam a travessia ilegal da fronteira para a UE", declarou Josep Borrell. 

O presidente bielorusso, Alexander Lukashenko, conversou por telefone por cerca de uma hora com a chanceler alemã, Angela Merkel, informou a agência estatal de notícias Belta. 

Este foi o primeiro telefonema de Lukashenko para um líder ocidental desde o início da repressão aos protestos contra seu governo.

Segundo a imprensa local, os dois conversaram sobre soluções para a crise migratória. A líder alemã destacou a necessidade de se oferecer ajuda humanitária aos imigrantes na fronteira. 

O governo bielorrusso afirmou, nesta segunda-feira (15), que "trabalha para que os imigrantes que se encontram em sua fronteira com a Polônia "voltem" para seus países

O presidente bielorrusso afirmou que não quer um conflito em sua fronteira com a Polônia, país-membro da UE, e garantiu que está trabalhando na repatriação dos imigrantes que vêm, em sua maioria, do Oriente Médio. "Estamos trabalhando para convencer as pessoas, mas ninguém quer voltar", disse Lukashenko à agência Belta.

Segundo ele, Belarus poderia transportar os imigrantes para a Alemanha, com a ajuda de sua companhia aérea estatal Belavia."Se for necessário, vamos enviá-los a Munique com nossos próprios aviões", frisou.  "Gostaria de ressaltar: não queremos qualquer conflito na nossa fronteira. Seria completamente prejudicial para nós", acrescentou Lukashenko, ao mesmo tempo em que acusou a Polônia de instrumentalizar a crise, em função de seus "problemas internos" e das tensões com seus parceiros da União Europeia.

Milhares de migrantes tentam há meses cruzar a fronteira entre Belarus e a Polônia. As tensões cresceram na semana passada, quando os esforços coordenados para cruzar o limite encontraram os guardas de fronteira poloneses. A UE acusa Minsk de criar esta crise, de forma deliberada, ao estimular os imigrantes a seguirem para a União Europeia, concedendo vistos e facilitando voos - em particular, do Iraque.

Fronteira com Belarus e Kuznica, na Polônia, em 15 de novembro de 2021
Fronteira com Belarus e Kuznica, na Polônia, em 15 de novembro de 2021 AP - Leonid Shcheglov

Sanções são inevitáveis

Mais cedo nesta segunda, antes de Borrell, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, declarou que a adoção de novas e firmes sanções contra Belarus era "inevitável". Diante dessa perspectiva, Lukashenko respondeu: "Nunca fizemos isso (orquestrar a crise migratória) e não temos a intenção de fazê-lo. Se querem nos assustar com sanções, acham que estou brincando, mas, nada disso, vamos nos defender".

Neste contexto, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu hoje aos europeus que retomem o diálogo com Belarus, em busca de uma saída. O Kremlin também rejeitou as acusações da Polônia, que considera que a Rússia está por trás das crescentes tensões russo-ocidentais. Nesta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou "equivocado" atribuir toda responsabilidade da crise a Minsk.

 Ao mesmo tempo, a companhia aérea bielorrussa Belavia anunciou que sírios, iraquianos, afegãos e iemenitas não poderão mais voar de Dubai para Belarus. "Conforme a decisão das autoridades competentes dos Emirados Árabes Unidos, os cidadãos do Afeganistão, do Iraque, do Iêmen e da Síria não estarão autorizados, a partir de 14 de novembro de 2021, a bordo de voos de Dubai, com destino a Belarus", disse a companhia em um comunicado.

Segundo Belarus, há cerca de 2 mil imigrantes no acamamento, incluindo mulheres grávidas e crianças.
Segundo Belarus, há cerca de 2 mil imigrantes no acamamento, incluindo mulheres grávidas e crianças. Leonid Shcheglov BELTA/AFP

(Com informações da AFP)

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