Discurso de Macron não agrada policiais, que fazem novo protesto em Paris
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Centenas de policiais franceses voltaram a protestar em Paris na noite deste domingo (14), poucas horas após o pronunciamento do presidente Emmanuel Macron. Eles não aceitam os anúncios do governo para conter a violência policial denunciada por manifestações que ganharam força após a morte de George Floyd, nos Estados Unidos.
O presidente francês disse que as forças de ordem do país “merecem o apoio dos poderes públicos e o reconhecimento da nação”. “Sem a ordem republicana, não tem nem segurança, nem liberdade. E são os policiais que correm riscos em nosso nome e garantem essa ordem”, completou Emmanuel Macron.
Mas a declaração do presidente não foi suficiente para acabar com a insatisfação da categoria. Os policiais escolheram um novo local simbólico e turístico da capital para se manifestar. Depois do Arco do Triunfo no sábado (13), eles se reuniram nesse domingo na Praça do Trocadéro, em frente à Torre Eiffel.
Com as sirenes e giroflex dos carros ligados, os manifestantes ocuparam o local e chegaram a colocar suas algemas no chão. O gesto passou a simbolizar o movimento. "O discurso do presidente Macron não nos tranquilizou, muito pelo contrário. Nós queremos ações concretas e, principalmente, que o ministro do Interior recue”, explicou à AFP um policial que participou do ato, mas preferiu manter o anonimato.
Na esteira do movimento antirracista e contra a violência policial nos Estados Unidos, os franceses voltaram às ruas do país para denunciar o mesmo fenômeno na França. O governo do país, visando atender algumas reivindicações, anunciou na segunda-feira (8) um plano de "tolerância zero" contra a violência de policiais e o racismo na conduta dos agentes. Mas a categoria contesta, principalmente, o fim da utilização da técnica de estrangulamento, conhecida popularmente como mata-leão.
Negociações
“Não ter o apoio do patrão é terrível. Temos a impressão de que é a rua que comanda e nós nos sentimos completamente abandonados”, disse uma policial que participou do protesto no domingo à noite, mas que também preferiu que seu nome não fosse divulgado. Ela garantiu que, se necessário, está disposta a realizar manifestações noturnas cotidianas.
O ministro do Interior, Christophe Castaner, recebeu na sexta-feira (12) os sindicados de polícia para uma primeira rodada de negociações. Segundo os participantes, Castaner reconheceu que se expressou mal quando anunciou a suspensão de qualquer funcionário “suspeito” de racismo. O sindicato Alliance, um dos mais representativos da categoria, pede para ser recebido pelo presidente da República, de quem espera “decisões fortes”. Enquanto isso, a mobilização continua, garantem os líderes sindicais.
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