França: Convenção Cidadã rejeita semana de trabalho de 28h
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A Convenção Cidadã sobre o Clima descartou neste sábado (20) a proposta de estabelecer uma semana de trabalho de quatro dias, um de seus projetos mais controversos, mas espera que a França reconheça o crime de "ecocídio".
Após debates acalorados, a proposta de reduzir a jornada de trabalho de 35h para 28h, sem perda de salário, com o objetivo de austeridade e redução de gases de efeito estufa, foi rejeitada por 65% dos 150 membros da Convenção.
"A medida está completamente desconectada da realidade e é insustentável no contexto atual. Se for proposta, será rejeitada e haverá descrédito no nosso trabalho ", disse Mélanie (na reunião, os membros da convenção são mencionados apenas pelo primeiro nome).
"Compartilhar é lindo, mas com a crise atual não é possível. Trabalhei toda a minha vida 50 horas por semana, criando dois filhos”, disse Marie-Hélène, ao recusar a medida.
"Podemos concordar ou discordar, mas não cabe a você dizer que vamos parecer fantoches", disse Annie. "Queríamos dizer que o modelo e o sistema não combinam conosco, então ouse," completou.
Transformação verde
A primeira de cerca de 150 medidas postas em votação, a redução da jornada de trabalho foi amplamente rejeitada. Contudo, foi adotada outra medida que corre o risco de atingir o mundo corporativo: um imposto de 4% sobre dividendos distribuídos além de € 10 milhões, destinado a financiar a transformação "verde".
Os cidadãos também aprovaram com 99,3% de votos a proposta de introduzir no direito penal francês um crime de "ecocídio", proposta recentemente rejeitada no Senado e na Assembleia Nacional.
Outras medidas foram debatidas, principalmente em termos de regras para os alimentos, como o fortalecimento das informações do consumidor por meio de mensagens de alerta, como as do tabaco (aprovadas por 99,3%), ou a reforma dos rótulos de certificação (100%).
O presidente francês, Emmanuel Macron, planeja recebê-los no dia 29 de junho para dar as "primeiras respostas" sobre os projetos. Algumas propostas podem levar a um referendo. O chefe de Estado decidiu organizar esse exercício de democracia participativa sem precedentes na França após a crise dos "coletes amarelos", desencadeada pelo anúncio de um imposto sobre o carbono nos combustíveis.
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