Covid-19: Situação na Guiana Francesa, na fronteira com o Brasil, preocupa Paris
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Enquanto na França a epidemia de Covid-19 perde força e as atividades do país voltam aos poucos ao normal, após quase dois meses de confinamento parcial, na Guiana Francesa a situação vem piorando. Esse território ultramarino, que faz fronteira com o Brasil, registra números de contaminação cada vez mais elevados e as autoridades já cogitam um novo período de quarentena.
Segundo os últimos dados oficiais, a Guiana Francesa conta com mais de 2.800 casos confirmados da Covid-19. O número de novos infectados dobra a cada semana. “A situação é extremamente preocupante”, declarou na quarta-feira (24) a porta-voz do governo, Sibeth Ndiaye.
O pico da pandemia na Guiana Francesa é previsto para meados de julho. Diante da aceleração dos números, o governo anunciou esta semana que não descarta a hipótese de um novo confinamento nesse território de 300 mil habitantes.
De acordo com a ministra dos territórios ultramarinos, Annick Girardin, “essa medida permitiria frear a progressão do vírus”. No entanto, a representante do governo é consciente que esse método funcionará “apenas se a população aceitar e colocá-lo em prática”, daí a hesitação de Paris em implementar um lockdown total. Além disso, a ministra insistiu nesta quinta-feira (25) que o isolamento rigoroso representa “um custo social que não deve ser subestimado”.
Mesmo se o confinamento não foi decidido, Annick Girardin pediu que as autoridades locais façam tudo para que o toque de recolher – já em vigor – seja reforçado e respeitado. Além disso, o segundo turno das eleições municipais, previsto para 28 de junho, foi anulado na Guiana Francesa.
O norte do Amapá, que faz divisa com a Guiana Francesa, representa a maior fronteira terrestre com a França. E a proximidade com Brasil, que também tenta com dificuldades conter a pandemia, deixa as autoridades em estado de alerta.
Risco de saturação dos hospitais
As autoridades francesas temem principalmente a saturação do sistema hospitalar local. A ministra dos territórios ultramarinos já lançou um apelo em busca de voluntários, entre médicos e enfermeiras. O governo também anunciou o envio de reforço material, como um hospital de campanha que será instalado em Caiena. “Triplicamos os leitos de reanimação”, disse a ministra. “Nós temos o número suficiente de leitos, de respiradores e todo o material, mas falta mão de obra”, declarou.
Apesar de o governo afirmar que o território tem a infraestrutura necessária e sofre apenas com a falta de pessoal na linha de frente, o ministério francês das Forças Armadas anunciou o envio, nesta sexta-feira (26), de um avião Airbus A400M para retirar os doentes de Covid-19 da Guiana. A aeronave vai participar das missões de evacuação que já acontecem desde o início da semana com aviões militares. Os moradores contaminados são transportados para as ilhas de Guadalupe e da Martinica, também integrantes do território francês.
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