Agressão de produtor musical por policiais é "inaceitável", diz Macron
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O presidente francês, Emmanuel Macron, criticou no Twitter as agressões contra um produtor musical negro por policiais franceses. Manifestações foram convocadas em toda a França neste sábado (28) contra a Lei de Segurança Nacional, que quer impedir a divulgação de imagens da polícia em ação.
Nas mensagens, publicadas na noite de sexta-feira (27), Macron diz que a agressão ao produtor musical Michel Zecler por policiais é “inaceitável” e que as “imagens são vergonhosas”. O presidente afirma que pediu ao governo que proponha rapidamente soluções “para lutar de maneira eficaz contra todo tipo de discriminação”.
“A França não deve nunca deixar prosperar o ódio ou o racismo”, sublinhou o chefe de Estado na declaração, pedindo “uma polícia exemplar com os franceses”, mas também “franceses exemplares com as forças de ordem”.
“Os que aplicam a lei devem respeitar a lei. Eu não aceitarei nunca que a violência gratuita de alguns desonre o profissionalismo da mulheres e homens que, no dia a dia, garantem nossa proteção com coragem”, insistiu no thread publicado no Twitter.
Ele afirma que é “protetor” das liberdades, especialmente a liberdade de expressão e a de imprensa. “Eu nunca aceitarei que essas liberdades sejam negadas”, disse, em plena polêmica sobre o artigo 24 da Lei de Segurança Global que visa sancionar a difusão de imagens de policiais em operação.
Les images que nous avons tous vues de l’agression de Michel Zecler sont inacceptables. Elles nous font honte. La France ne doit jamais se résoudre à la violence ou la brutalité, d’où qu’elles viennent. La France ne doit jamais laisser prospérer la haine ou le racisme.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) November 27, 2020
O chefe de Estado destacou também a importância da liberdade de manifestar. “Cada cidadão deve poder expressar suas convicções e reinvindicações protegido de toda violência e de toda pressão”, salientou. “A França é um país de ordem e de liberdade, não um país de violência gratuita e de arbitrariedades.”
Sanções contra policiais
Macron recebeu na quinta-feira (26) o ministro do Interior, Gérard Darmanin, e pediu sanções claras contra os policiais que espancaram o produtor.
Nos últimos dias, vários vídeos difundidos nas redes sociais mostraram comportamentos violentos de policiais, prejudicando a imagem do governo francês. Mesmo membros do partido do presidente, a República em Marcha, questionam a nova lei.
Além das imagens do espancamento de Zecler, divulgadas na quinta-feira, vídeos da evacuação violenta de centenas de migrantes que instalaram tendas, com a ajuda de associações humanitárias, na praça da República, em Paris, na segunda-feira (22), foram difundidos em redes sociais, causando comoção.
Manifestações em toda a França
Manifestações foram convocadas por sindicatos de jornalistas e organizações de defesa da liberdade de expressão e dos direitos humanos, em toda a França, neste sábado (28) contra a adoção da Lei de Segurança global.
Na sexta-feira, a manifestação, que prevê um trajeto da praça da República até a Bastilha, foi proibida pelo comissário da polícia de Paris, Didier Lallement, alegando razões sanitárias. Mas o Tribunal administrativo cassou ou decreto e permitiu a realização da “marcha das liberdades”, prevista para a tarde deste sábado.
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