Começa julgamento de estivadores franceses que traziam cocaína de Santos para Paris
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A justiça francesa julga, a partir desta segunda-feira (18), dez pessoas, entre elas quatro estivadores do oeste da França, pelo tráfico de cocaína da América Latina, em contêineres, entre 2017 e 2020.
A investigação teve início em maio de 2017, após a apreensão, no porto brasileiro de Santos, de 690 quilos de cocaína em um contêiner refrigerado com destino a Montoir-de-Bretagne, porto próximo a Nantes, no oeste da França.
De acordo com os investigadores, a mercadoria era contrabandeada por meio da técnica de "rip-off", que consiste na introdução da cocaína em mochilas esportivas ou outros recipientes carregados em um contêiner regular. O tráfico era feito por trás de empresas conceituadas ou com a cumplicidade de companhias criadas esse fim, segundo a Procuradoria de Rennes, no oeste da França, onde ocorre o julgamento.
Os estivadores recuperavam a cocaína na chegada ao porto, a trocavam por outro objeto no contêiner que havia sido aberto, escapando da alfândega, e entregavam aos intermediários.
Foram apreendidos 336 quilos da droga em Montoir-de-Bretagne entre junho de 2017 e abril de 2020, cujo valor de venda ultrapassa os € 16 milhões (mais de R$ 100 milhões), segundo o Ministério Público.
Estas remessas, relativamente baixas em comparação com as 9 toneladas de cocaína apreendidas pela alfândega em 2020, correspondem a uma vontade dos traficantes de encontrarem "vias secundárias" para chegar ao mercado europeu, através de portos menos vigiados que os de Antuérpia (Bélgica) ou de Roterdã (Holanda).
Cocaína passava por Guadalupe e Martinica
A droga da América Latina passava por Guadalupe e Martinica, territórios franceses no Caribe, a caminho de seu destino: a região de Paris.
Dois estivadores foram presos em flagrante em outubro de 2019, quando entregavam 140 quilos de cocaína, com alto grau de pureza, a intermediários.
Um dos dois detidos é Damien Lorcy, de 35 anos, que disse durante o julgamento que era a primeira vez que fazia uma entrega. "Cento e quarenta quilos para uma primeira entrega?", perguntou ironicamente o promotor.
O homem é filho de Thierry Lorcy, de 56 anos, e chefe do clã que leva seu sobrenome. Esse grupo, que faz cumprir sua lei por meio de intimidações e ameaças, foi citado na primeira sessão do julgamento.
O tribunal de Rennes julga dez pessoas, depois de decidir no início da manhã processar posteriormente três réus por motivos processuais, incluindo Thierry Lorcy.
Os réus, entre estivadores, intermediários, traficantes e remetentes de cocaína das Antilhas, têm entre 32 e 56 anos. Um deles, de 41, está foragido. Se forem condenados, os suspeitos podem ser punidos com uma pena de 10 anos de prisão, que pode ser maior em caso de reincidência, além de multas significativas.
(Com informações da AFP)
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