Galerista brasileira Cérès Franco morre na França aos 95 anos
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Crítica de arte, curadora independente e galerista nascida em Bagé, no Brasil, em 17 de maio de 1926, e radicada em Paris desde o início dos anos 1950, Cérès Franco ao longo da vida defendeu uma concepção aberta e inclusiva da arte.
A "Arte sem fronteiras" foi o princípio que constituiu a linha mestra do seu percurso e da sua coleção, trazendo a ideia de uma abertura do cânone artístico aos artistas de todo o mundo, e em particular aos artistas não europeus.
Sua coleção inclui um grande número de obras de artistas do Norte da África, América do Sul ou Sudeste Asiático. Franco se remetia à ideia de uma arte "sem passaportes" no sentido figurado, com o objetivo de estabelecer um diálogo entre as obras de arte modernas e contemporâneas, além das criações plásticas de artistas que não beneficiaram de formação.
Esta dupla abertura conceitual, agora em destaque em várias exposições recentes em grandes instituições artísticas (MoMA, Tate, Centre Pompidou), levou Jean-Hubert Martin, ex-diretor do Centre Pompidou, em Paris, a qualificar a abordagem e o acervo de Cérès Franco de "premonitório".
A marca de Cérès Franco foi o ecletismo militante a serviço das qualidades plásticas e da carga emocional da obra. Franco reuniu a vanguarda brasileira e a nova figuração francesa, além dos holandeses do movimento CoBrA. Faziam ainda parte de sua coleção artistas autodidatas ou pintores populares do Brasil, Marrocos ou Tunísia.
O programa de sua galeria L'Œil de Boeuf (1972-1995) se destacou por incluir artistas refugiados e exilados da América do Sul e do Leste Europeu, fugindo de ditaduras militares, totalitarismos e zonas de conflito.
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