França/Brasil

Moradores das favelas ignoram crise política, diz Le Monde

As forças de segurança do Rio de Janeiro ocuparam no fim da madrugada deste domingo (30) o Conjunto de Favelas da Maré.
As forças de segurança do Rio de Janeiro ocuparam no fim da madrugada deste domingo (30) o Conjunto de Favelas da Maré. REUTERS/Sergio Moraes

O jornal Le Monde que chegou às bancas nesta terça-feira (31) dedica uma reportagem às favelas brasileiras e sobre como seus habitantes veem a crise no Brasil. O assunto, diz o texto, que “divide” a elite e a classe média, suscita menos debates nos setores populares que beneficiaram dos programas sociais da esquerda.

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O Le Monde entrevistou diversos moradores do Complexo da Maré, conjunto de favelas situado no norte do Rio de Janeiro, perto do aeroporto internacional. A maioria deles pediu para ter o nome modificado. “Temos a sensação de que a política não muda, são sempre os mesmos, os ricos, que continuam no poder”, diz um dos entrevistados.

Os moradores da Maré, segundo o jornalista Paulo Paranaguá, que assina  a matéria, não se mobilizaram contra ou a favor da presidente afastada Dilma Rousseff. O objetivo deles, explica um morador, é crescer graças a seus próprios esforços, sem esperar nada do Estado, que oferece uma educação precária e um serviço de saúde da pior qualidade.

A favela é o retrato de um Brasil onde as infraestruturas são inexistentes e onde a lei é a do cada um por si só, diz a matéria. Muitos jovens trabalham para poder pagar uma universidade particular.

As igrejas evangélicas também encontram muitos fiéis nesse universo esquecido pelo poder público, e onde os habitantes, diz o texto, não têm tempo para questionar a gravidade da crise ou discutir a recessão da economia brasileira.

Mas a grave situação econômica é visível no Complexo da Maré na hora das compras, quando o aumento dos preços leva os moradores a se conscientizarem que o real perde valor a cada dia. Ou ainda quando algum amigo ou parente perde o emprego.

Expectativa em relação a Temer é "zero"

A maior parte dos habitantes, diz Le Monde, votou em Lula, mas não se identifica com Dilma Rousseff. “Tínhamos mais trabalho e oportunidade com Lula. Mas foi um erro organizar a Copa e os Jogos Olímpicos”, diz o mesmo morador. A expectativa em relação ao governo de Michel Temer é “zero”.
 

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