67% dos franceses não confiam no governo na luta contra o terrorismo

O presidente francês, François Hollande
O presidente francês, François Hollande AFP/Eric Gaillard

Quatro dias após o atentado de Nice, que deixou 84 mortos e mais de 200 feridos, o jornal francês Le Figaro traz na capa da sua edição desta segunda-feira (18) o resultado de uma pesquisa de opinião sobre terrorismo, realizada pelo Instituto Ifop.

Publicidade

O golpe é duro para o presidente François Hollande. 67% dos franceses afirmaram não confiar no governo na luta contra o terrorismo. A diferença entre as quatro pesquisas anteriores sobre o mesmo tema é evidente: antes a metade das pessoas confiava no Executivo.

Entre os eleitores dos partidos de oposição, os número caem drasticamente. Apenas 17% dos simpatizantes dos Republicanos, legenda de direita do ex-presidente Nicolas Sarkozy, e 13% dos eleitores da Frente Nacional, de extrema-direita, confiam em François Hollande no combate aos atentados em solo francês.

Porém a grande maioria dos franceses, 84%, diz que confia na polícia, nas forças de segurança e no serviço de inteligência francês, um índice que permanece praticamente o mesmo desde o atentato contra a redação do jornal satírico Charlie Hebdo em janeiro de 2015.

Penas mais duras

Outro aspecto importante da pesquisa foi em relação às medidas que os franceses gostariam que fossem implantadas para lutar contra o terrorismo islamita. Em geral, a população quer mais firmeza nas ações. Metade considera que a França está em guerra e se diz favorável a um reforço do estado de emergência, já prologado por mais três meses pelo governo.

81% dos entrevistados estão prontos para aceitar mais controles e uma certa limitação da sua liberdade. Nesse mesmo item, a proporção é de 73% entre os eleitores de esquerda e de 94% entre os eleitores do partido Republicanos, de direita.

Além disso, 68% dos franceses são a favor de que pessoas que tenham uma ficha S, de pessoas com vínculos potenciais com grupos terroristas, não sejam apenas detidas para interrogatório, mas presas, sob a justificativa de que o estado não deve assumir nenhum risco na situação atual. 91% são a favor da criação de uma pena de prisão perpétua sem possibilidade de redução de pena, mesmo depois de 30 anos de prisão.

Atentado de Nice marcou profundamente

88% das pessoas consideram que as autoridades são falhas nas penas aplicadas aos membros de redes ou células terroristas, 77% acham que a polícia e o serviço de inteligência não dispõem de meios jurídicos suficientes para realizar seu trabalho, e 69% consideram que o efetivo das forças de ordem é insuficiente para enfrentar a ameaça terrorista.

Segundo Jerôme Fourquet, diretor do instituto Ifop, que realizou a pesquisa, "o atentado de Nice marcou profundamente os espíritos e reforçou as opiniões preexistentes segundo as quais a França está em guerra contra inimigos determinados e que deve autorizar medidas mais duras".

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI