La Croix denuncia a triste situação dos sem-teto em São Paulo
O correspondente do jornal francês católico afirma que nada é feito para ajudar os que foram deixados à margem do milagre econômico da maior e mais rica cidade da América Latina.
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Em meio a dezenas de reportagens sobre a greve geral na França, o jornal católico La Croix desta terça-feira dedica uma página a uma triste realidade brasileira. A situação dos sem-teto na cidade de São Paulo. Com o título "Os esquecidos do milagre brasileiro", a reportagem do correspondente constata que as pessoas sem abrigo são vistas pelo poder público paulistano como um freio ao processo de modernização urbana de uma região onde reina a especulação financeira. "Nada é feito para ajudar os que foram deixados à margem do milagre econômico da maior e mais rica cidade da América Latina", escreve o jornalista.
Segundo dados oficiais publicados pelo La Croix, o número de pessoas que não têm onde morar em São Paulo passou de 15 mil, em 2005, para 20 mil, este ano. Cerca de 80% são homens, a idade média é de 40 anos, muitos consomem drogas e a maioria vive na rua porque perdeu o emprego. O correspondente acusa o poder público de fechar os olhos para o problema. "Em vez de aumentar a capacidade dos abrigos para receber essas pessoas, foram suprimidas mil vagas em dois anos. Restam apenas seis mil em uma cidade de 20 milhões de habitantes.
E mesmo assim, continua o La Croix, "a situação dos abrigos é de abandono: não há médicos, assistentes sociais nem psicólogos". Além de entrevistar os próprios sem-teto, o correspondente ouviu o depoimento de Robson Mendonça, ex-mendigo e atual presidente do Movimento da População de Rua de São Paulo. Ele diz que convenceu alguns políticos a criar uma frente parlamentar para defesa dos sem-teto e afirma que sua luta é para acabar com a ideia de que os mendigos são o inimigo número 1 do Estado.
O jornal Le Figaro destaca um outro problema, desta vez na Europa. Com o aumento da expulsão de ciganos da França, alguns destes estrangeiros da Europa do Leste e da Africa atravessam a fronteira e tentam se instalar na Itália. O governo italiano já começou a evacuar parte dos 130 mil acampamentos ilegais, onde vive atualmente uma maioria de romanos e iugoslavos.
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