Como a imprensa francesa vê a reforma ministerial
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Há oito meses o presidente da França, Nicolas Sarkozy, vem prometendo uma grande reforma do seu governo. Anunciada neste domingo, a nova formação não traz mudanças relevantes, como analisam os jornais de hoje.
Fillon mantém Sarkozy. Este é o mais que sarcástico título do jornal de esquerda Libération, referindo-se à recondução do primeiro-ministro François Fillon no cargo. Bem cotado, popular, Fillon praticamente se impôs ao presidente que, por sinal, nunca esteve tão por baixo nas pesquisas de opinião, com 32% da aprovação dos franceses. O editorial do Libération analisa que Sarkozy optou mais por uma política de continuidade do que de mudança, fortalecendo a presença da direita no poder. Tudo isto já de olho nas eleições presidenciais de 2012.
O diário econômico Les Echos é da mesma opinião, anunciando em sua manchete que a nova equipe de Fillon aposta na continuidade. O jornal comenta que Sarkozy pegou todo mundo de surpresa, neste domingo, revelando os novos nomes da casa. Mantido o premiê, o novo time tem poucos estreantes, comenta o artigo, destacando algumas partidas como a do centrista Hervé Morin do ministério da Defesa, do chanceler de esquerda Bernard Kouchner e do polêmico Eric Woerth, do Trabalho, envolvido até o pescoço no escândalo sociopolítico da mulher mais rica do país, Liliane Bettencourt, herdeira da L'Oréal.
Le Figaro, de direita, é o único que traz uma manchete otimista: Sarkozy-Fillon, uma nova etapa.
A segunda página inteira é dedicada ao primeiro-ministro, explicando como, depois de apresentar sua demissão ao presidente no último dia 13, ele foi renomeado no dia seguinte para continuar à frente do governo.
O jornal católico La Croix é direto, a 18 meses das presidenciais, o presidente francês formou um novo governo visando o próximo quinquênio. Já o diário comunista L'Humanité chama a reforma de enganação e classifica Sarkozy de monarca eleito, mais manipulador do que nunca; para o diário, depois de meses de conflito social, a troca de cadeiras tem um único objetivo, acelerar a instauração de um governo ultraliberal e tentar garantir sua reeleição.
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