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Sexólogo dinamarquês propõe incluir filmes pornô no currículo escolar

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O sexólogo dinamarquês Christian Graugaard propôs que filmes pornográficos sejam incluídos no currículo escolar. Uma pesquisa mostrou que, em 2006, quase todos os adolescentes escandinavos entre 12 e 20 anos já haviam visto algum vídeo pornô. E o número cresce cada vez mais, conforme aumenta o tempo que os jovens passam conectados às redes sociais. Já que é impossível evitar o contato deles com esse tipo de material, Graugaard acha que o melhor caminho é prepará-los para lidar com esse conteúdo, compreendendo a diferença entre a fantasia e a realidade da vida sexual graças ao auxílio de professores treinados.

Aula de Educação Sexual para alunos da 6ª série do primeiro grau.
Aula de Educação Sexual para alunos da 6ª série do primeiro grau. Captura vídeo
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Margareth Marmori, correspondente da RFI em Copenhague, conta que, em entrevista à rádio dinamarquesa DR, o professor disse que "os vídeos de pornografia encontrados na internet dão aos jovens uma ideia fantasiosa do que são as relações sexuais". A introdução da pornogafia na escola não só tornaria os jovens "mais críticos em relação ao que eles encontram na internet", como deixaria a educação sexual menos "chata e técnica".

Christian Graugaard acredita que "o debate no ambiente escolar pode ajudar os adolescentes a perceber a diferença entre pornografia e sexo e, portanto, evitar decepções e frustrações causadas por expectativas impossíveis de serem realizadas", relata Margareth.

Polêmica? Nem tanto

Por mais polêmica que possa parecer, a proposta foi recebida com "relativa tranquilidade" na Dinamarca. "Aqui, a educação sexual nas escolas tornou-se obrigatória em 1970 e desde essa época vem passando por vários ajustes para acompanhar a evolução dos costumes. Por essa razão, já há escolas que usam trechos de filmes eróticos na educação de adolescentes a partir dos 15 ou 16 anos de idade", explica a correspondente.

Mesmo assim, especialistas como o chefe da associação de diretores de escolas do país, Claus Hjortdal, acredita que "o sistema educacional dinamarquês precisa se preparar melhor para ensinar aos alunos a aceitar melhor o próprio corpo e ter uma visão mais realista sobre as relações sexuais".

Erotização do cotidiano

Margareth observa que Christian Graugaard não está preocupado somente com a chamada pornografia, mas também com a "erotização cada vez maior da internet e dos meios de comunicação". Uma ONG citada pela correspondente mantém um serviço para o qual jovens podem telefonar para conversar o fazer denúncias sobre problemas cotidianos.

"De acordo com a organização, há um número crescente de crianças e adolescentes que ligam porque se sentem inseguros em relação à pornografia e à própria sexualidade. No ano passado, esse serviço recebeu 3.870 ligações sobre esse assunto, um aumento de quase 30% em relação a 2013", conta a correspondente.

Para ouvir a íntegra do programa Linha Direta, clique no link acima.
 

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