Imprensa relata sofrimento das famílias das vítimas de acidente no sudoeste da França
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O dia foi de luto depois da violenta colisão entre um caminhão e um ônibus que deixou 43 mortos nesta sexta-feira (23) na cidade de Puisseguin, no sudoeste do país. Toda a imprensa francesa repercute neste sábado (24) o acidente que comoveu a França. Dezenas de especialistas estão no local da tragédia trabalhando nas investigações e na identificação das vítimas, grande parte idosos que viajavam em excursão.
A capa dos principais jornais franceses deste fim de semana retratam este que é o pior acidente rodoviário dos últimos 30 anos na França. Toda a mídia do país tenta desvendar os motivos do acidente e também dá espaço a depoimentos de familiares, amigos das vítimas e análises de especialistas em segurança e acidentes rodoviários.
Para tentar esclarecer o triste episódio, a enviada especial do jornal Libération ao local descreve todo o caminho deste grupo da terceira idade originário do município de Petit Palais, no sudoeste da França. Ela conta que o ônibus levando o grupo saiu às 7 horas da manhã da cidade em direção à Arzacq, na região dos Pireneus Atlânticos, no sul. Mas a viagem durou poucos minutos: a colisão com o caminhão aconteceu em uma rodovia do município de Puisseguin, a oito quilômetros do ponto inicial. Das 49 pessoas a bordo da excursão, 41 morreram. O motorista do caminhão e o filho de 3 anos de idade também não resistiram ao choque.
Sofrimento dos moradores
Já o jornal Le Monde retrata o sofrimento dos moradores da pequena cidade Petit Palais, que tem menos de 700 habitantes, e de onde 28 vítimas eram originárias. O diário escreve que, como todo mundo se conhece no local, Petit Palais está inteira de luto. O enviado especial do Le Monde conversou com os habitantes da cidade, que relataram seu sofrimento ao saber da notícia pela rádio e a televisão.
Momentos depois do anúncio do acidente, ontem, pela manhã, dezenas de moradores se dirigiram ao salão de festa do município, onde a população geralmente se reúne, em busca de informações. Vários moradores tinham conhecidos e familiares na excursão e se perguntavam se eles estavam vivos. O desesepero tomou conta da sala quando, no final da manhã, a polícia anunciou o nome dos únicos oito sobreviventes. "Nosso patrimônio se foi hoje: uma geração inteira morreu", lamentou um morador ao repórter do Le Monde.
Causas do acidente
A imprensa também se dedica hoje a tentar desvendar as causas do acidente, embora as investigações ainda estejam sendo realizadas. A principal questão, desde ontem, é porque a colisão gerou a imensa explosão.
"Como o ônibus queimou tão rápido?", pergunta o jornal Aujourd'hui en France. O diário entrevistou um especialista em segurança rodoviária que explicou que uma série de pequenos incidentes trágicos podem ter contribuído para a repentina combustão. Tudo ainda no campo das hipóteses, afinal, nada foi confirmado até o momento pelos investigadores. A hipótese mais provável, segundo o especialista entrevistado pelo diário é que o tanque de combustível se desprendeu do ônibus e espalhou todo o carburante pelo veículo.
Já o grande número de mortos se deve também à idade dos passageiros, todos eles idosos e que, naturalmente, têm reflexos mais lentos e que teriam demorado mais tempo para deixar o ônibus. De acordo com o especialista entrevistado pelo jornal, o tempo necessário para sair de um veículo em chamas antes de ser intoxicado pela fumaça é de dois minutos. O que claramente não foi o caso em Puisseguin.
Segurança rodoviária
O Aujourd'hui en France também coloca em questão a segurança rodoviária, em um momento em que o número de mortos nas estradas francesas não pára de aumentar.
O local da colisão é considerada pelos moradores de Puisseguin como extremamente perigoso. A estrada é estreita e sinuosa e alvo frequente de reclamações dos moradores.
A prefeitura local se defende, dizendo que há placas informando que o limite da velocidade nessa estrada é de 90 km/h, que ela foi refeita em 2011 e que, nos últimos cinco anos, nenhum acidente foi registrado no local. Para moradores entrevistados pelo diário, a tragédia vai servir para alertar as prefeituras e vereadores sobre a necessidade urgente de investir na infraestrutura rodoviária.
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