Iraniana condenada à morte pode receber mais 99 chicotadas
Sakineh Mohammadi-Ashtiani já recebeu 99 chicotadas em praça pública antes de ser presa para aguardar sua execução. Uma foto publicada como sendo sua, sem véu, no jornal britânico The Times, provocou a ira do governo iraniano que quer castigá-la novamente na prisão.
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Um mal entendido pode custar caro a Sakineh Mohammadi-Ashtiani: 99 chicotadas suplementares pela publicação de uma foto que teria sido cedida por ela, publicada em 28 de agosto pelo jornal britânico "The Times" e divulgada, em seguida, no site da revista francesa "La Règle du jeu", do filósofo Bernard-Henri Lévy et no blog "Dentelles et Tchador", do site do jornal Le Monde.
A imagem da condenada sem o véu islâmico na mídia europeia foi considerada indecente pelas autoridades iranianas, que impuseram o castigo suplementar. Mas, na realidade, tudo não passou de um doloroso engano. A fotografia era de uma ativista política iraniana que hoje vive na Suécia.
O Times se desculpou pelo erro, afirmando que a foto foi dada pelo segundo advogado de Sakineh, Mohammad Mostafaei, refugiado na Noruega desde agosto para escapar de um mandado de prisão emitido pelas autoridades iranianas. Ele garante que quem lhe deu a fotografia publicada no jornal foi o próprio filho de Sakineh. O rapaz nega.
Mal entendidos à parte, quempode pagar é a pobre mulher, condenada à morte inicialmente por lapidação e posteriormente por enforcamento; ela é acusada de adultério depois de ficar viúva e teria participado da morte do marido, com uma confissão arrancada sob tortura.
O filho dela, Sajjad Mohammadi Ashtian, ficou sabendo do castigo de mais 99 chicotadas, além das que Sakineh já recebeu, através de mulheres que deixaram a prisão onde ela se encontra. Em seguida, ele entrou em contato com o juiz independente da prisão, que confirmou a pena.
A condenação à morte de Sakineh desencadeou uma vasta campanha internacional, que já recolheu quase 62 mil assinaturas e a sentença foi suspensa provisoriamente. O filho dela, Sajjad, disse que um funcionário da prisão disse à sua mãe que sua execução estava prevista para este domingo, às seis da manhã.
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