Crise diplomática

Japão decide libertar capitão de pesqueiro chinês

O Japão decidiu nesta sexta-feira liberar o capitão de um barco de pesca chinês cuja prisão no início do mês provocou uma grave crise diplomática com a China. Mesmo após o anúncio o governo chinês continua a repetir que a detenção do marinheiro pelo Japão é "ilegal".

Bandeira japonesa diante de cargueiro ancorado no porto de Tóquio; a crise diplomática ameaça o comércio entre China e Japão.
Bandeira japonesa diante de cargueiro ancorado no porto de Tóquio; a crise diplomática ameaça o comércio entre China e Japão. Reuters
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“Face às consequências para a população japonesa e para as relações entre o Japão e a China, nós consideramos inútil manter o capitão preso » , declarou Toru Suzuki, um procurador de Okinawa, no sul do Japão. Um avião chinês deve pousar na ilha de Okinaxa ainda hoje para buscar o marinheiro e levá-lo de volta à China.
Colaboradores do primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, asseguraram que a decisão da Justiça não foi influenciada por considerações políticas. Apesar dessas declarações, a oposição japonesa qualificou a libertação do capitão como uma derrota para o Japão.
O capitão chinês está preso no Japão desde o dia 8 de setembro, depois que seu barco de pesca colidiu com dois barcos de patrulha japoneses perto de ilhotas do mar da China oriental chamadas Senkaku em japonês e Diaoyu em chinês, e situadas entre Taiwan e Okinawa.
« Esse incidente foi consequência de uma ação decidida de improviso, enquanto o capitão tentava escapar das patrulhas que guardam as costas. Não foi um ato premeditado », explicou o procurador japonês.
As pequenas ilhas desertas próximas do local onde ocorreu a colisão são controladas por Tóquio pas reivindicadas pelos dois países e por Taiwan.
A China, que havia exigido várias vezes a libertação do capitão, repetiu, após o anúncio feito pelo Japão, que essa detenção era ilegal.
O caso provocou o pior incidente diplomático entre a China e o Japão desde 2006. As autoridades chinesas suspenderam os contatos de alto nível, impedindo um encontro esta semana entre o primeiro ministro japonês e o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, paralelamente à Assembleia Geral da ONU em Nova York.Na quarta-feira, Wen Jiabao havia ameaçado o Japão de novas medidas e nesta sexta-feira comerciantes japoneses constataram a suspensão das exportações de metais raros da China para o Japão, apesar dos desmentidos de Pequim.
Além disso, quatro japoneses foram presos na China após terem entrado sem autorização em uma zona militar da província de Hebei, no norte do país, e ter filmado ilegalmente instalações consideradas sensíveis, segundo um agência de notícias chinesa.
A última grande crise entre os dois países aconteceu em 2006, quando o então primeiro-ministro, Junichiro Koizumi, visitou o santuário Yasukuni para comemorar o aniversário da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial. No santuário são homenageados os soldados mortos pelo Japão, incluindo alguns considerados criminosos de guerra. 

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