Europeus tentam identificar jihadistas do EI, que já matou quase 1.500 na Síria
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Vários países, entre eles a França e o Reino Unido, buscam identificar a nacionalidade dos jihadistas que decapitaram o refém americano Peter Kassig e outros 18 soldados sírios. A execução de maneira fria e bárbara provocou uma onda mundial de indignação. Uma ONG síria informa que em cinco meses o grupo Estado Islâmico (EI) já matou quase 1.500 pessoas.
A França é o primeiro país a identificar, com quase certeza, um dos jovens combatentes que integram o grupo Estado Islâmico (EI) e que aparece no vídeo divulgado neste domingo em um site na internet.
Segundo o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, existe "uma forte probabilidade que um cidadão francês tenha participado diretamente" da decapitação.
O ministro declarou que o francês pode ser Maxime Hauchard, nascido em 1992 no sudoeste do país. De acordo com Cazeneuve, ele teria partido para a Síria em agosto de 2013 depois de uma estada na Mauritânia, no ano anterior.
O vídeo é o primeiro exibido pelo grupo Estado Islâmico que mostra os combatentes com os rostos descobertos, às vezes em planos bem fechados, possibilitando a identificação. Vídeos anteriores exibiam os jihadistas cobertos com capuzes.
O diário londrino Daily Mail informa que um cidadão britânico de 20 anos poderia estar entre os combatentes, baseando-se em declarações feitas por um homem que se apresenta como pai do jovem.
Segundo a BBC, trata-se de Nasser Muthana, um estudante de medicina de 20 anos de Cardiff, País de Gales, que teria atraído para a Síria seu irmão de 17 anos. O vídeo parece mostrar um outro britânico que aparece com o rosto coberto e, nos seus pés, a cabeça decapitada de Peter Kassig. A mídia britânica o apelidou de "Jihadi John" e afirma que ele tem um forte sotaque da periferia de Londres.
Suspeita-se que "Jihadi John" tenha sido o assassino dos americanos James Foley e Steven Sotloff, executados em meados de agosto, e dos britânicos Alan Henning e David Haines, que trabalhavam em ações humanitárias.
Reações de condenação
O presidente americano, Barack Obama, qualificou a execução de Peter Kassig como um "ato de uma maldade absoluta feito por um grupo que o mundo considera, justamente, como desumano". As ações do grupo "não representam nenhuma crença e, certamente, menos ainda a crença adotada por Abdul Rahman", acrescentou Obama em referência ao nome adotado por Peter Kassig depois de sua conversão ao Islã.
Os pais do ex-soldado americano que fundou uma associação humanitária depois de ter deixado o exército dos Estados Unidos, disseram estar com o "coração dilacerado".
O grupo Estado Islâmico teria executado quase 1.500 pessoas na Síria em cinco meses, de acordo com um comunicado publicado nesta segunda-feira (17) pelo Observatório sírio de Direitos Humanos. A ONG afirma que entre as 1.429 pessoas assassinadas pelos jihadistas estão 900 civis, sendo que 700 deles pertenciam à tribo Shaitat, que promoveu uma insurreição contra o EI no leste da Síria.
O coordenador europeu de luta contra o terrorismo, Gilles de Kerchove, estima que até o final de setembro, mais de três mil cidadãos europeus partiram para a Síria para participar da jihad, como é chamada a guerra santa pelos muçulmanos.
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