China ameaça retaliar empresas americanas por venda de armas a Taiwan

Fragata Perry faz parte dos equipamentos que norte-americanos devem vender a Taiwan
Fragata Perry faz parte dos equipamentos que norte-americanos devem vender a Taiwan

A China expressou nesta quinta-feira (17) sua indignação pela decisão americana de vender US$ 1,8 bilhão em armamentos para Taiwan. Pequim ameaçou impor sanções contra as empresas envolvidas no negócio. Entre os equipamentos, estão duas fragatas de tipo Perry, artilharias antitanque e mísseis terra-ar Stinger.  O anúncio foi feito na quarta-feira em Washington e se inscreve na estratégia americana de reforçar seus aliados asiáticos e governos preocupados com a crescente presença da China em zonas marítimas em disputa na região.

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A encarregada de negócios americana em Pequim, Kaye Lee, foi convocada à sede do ministério das Relações Exteriores, onde o vice-chanceler, Zhang Zeguang, comunicou seu desagrado por este apoio a Taiwan, uma ilha considerada pela China como uma província rebelde. "A China se opõe com firmeza à venda de armas dos Estados Unidos a Taiwan" e "tomará as medidas necessárias para proteger seus interesses nacionais", afirmou o governo em comunicado emitido após o encontro.

Entre estas medidas, está contemplada a adoção de "sanções contra os grupos (industriais) envolvidos na venda de armas". A chancelaria ainda convocou os Estados Unidos "a cancelar os planos de vender armas a Taiwan e a encerrar os contatos militares" com Taipei "para evitar maiores danos às relações entre os dois países e à cooperação bilateral em importantes áreas", acrescentou a chancelaria.

Já na quarta-feira, o Departamento de Estado alegou que as vendas de armas se baseiam "na lei de Relações com Taiwan e em uma avaliação das necessidades de defesa" da ilha. O porta-voz do Gabinete de Assuntos Político-Militares do Departamento de Estado, David McKeeby, também lembrou que "a política de longa data de venda de armas a Taiwan" se manteve durante "seis administrações americanas diferentes".

Primeira negócio armamentista em 4 anos

Mas o fato é que este é o primeiro negócio do tipo em quatro anos. E neste período cresceram as tensões entre chineses e americanos. O Estados Unidos se veem pressionados por aliados tradicionais como Japão, Filipinas e Vietnã, preocupados com o expansionismo chinês, sobretudo no mar da China Meridional. Pequim construiu várias ilhas artificiais com pistas de pouso militares na região que, segundo observadores, podem lhe garantir um controle praticamente total da zona.

Estas instalações foram sobrevoadas nos últimos dias por aviões dos Estados Unidos e de países aliados, que alegaram exercícios de rotina em nome da "liberdade de navegação" em águas internacionais. Mas a China denunciou essas manobras como violações de sua soberania. A venda de armas à ilha "atenta gravemente" contra as leis internacionais, contra os princípios que regem as relações entre China e Estados Unidos e contra a "soberania da China e seus interesses em matéria de segurança", sustenta o comunicado chinês.

Taiwan está separada da China desde o fim da guerra civil em 1949, quando as forças comunistas de Mao Tse Tung expulsaram do continente os nacionalistas do Kuomintang (KMT), que se refugiaram na província. Atualmente, apenas 20 países, mais da metade deles na América Central e no Caribe, reconhecem a soberania de Taiwan. Os Estados Unidos reataram relações com Pequim em 1970, mas mantêm relações de aliados com Taiwan.

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