Azerbaijão acusa Armênia de violar cessar-fogo e matar pelo menos sete pessoas em bombardeios
A capital regional de Nagorno-Karabakh, Stepanakert, que está sob o controle de separatistas armênios, foi alvo de novos bombardeios durante a noite de sábado (10) para domingo (11). Segundo fontes oficiais do Azerbaijão, os ataques ocorreram apesar do cessar-fogo negociado em Moscou na véspera.
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A trégua é muito frágil, sublinha o enviado especial da RFI a Stepanakert, Régis Genté. Entre 10 e 15 projéteis atingiram a capital de Nagorno-Karabakh no sábado à noite e neste domingo por volta das 2 da manhã, em uma clara violação do cessar-fogo.
Nesta manhã deste domingo (11), Stepanakert estava quase vazia. Os habitantes que restaram estão confinados em casa, ou seja, metade da cidade de 55.000 pessoas.
Alguns bairros foram muito afetados nos últimos dias, com edifícios devastados. Uma cratera, provavelmente formada por uma bomba muito pesada, causou muitos danos ao seu redor.
Bombardeios armênios
Neste domingo, sete pessoas foram mortas e 33 ficaram feridas em bombardeios na cidade de Gandja, indicaram as autoridades do Azerbaijão. O país acusa as forças armênias pelos ataques, apesar da trégua humanitária em vigor no conflito de Nagorno Karabakh.
O Ministério da Defesa de Nagorno-Karabakh negou ter bombardeado Gandja. “É uma mentira absoluta”, declarou, garantindo “respeitar o acordo de cessar-fogo humanitário”.
O Ministério da Defesa da Armênia acusou as forças do Azerbaijão de terem "lançado um ataque às 12h05" no sábado, pouco depois da implementação do acordo. "A Armênia está violando flagrantemente o cessar-fogo", respondeu o exército do Azerbaijão, posteriormente acusando as forças armênias de terem lançado uma ofensiva.
Trégua "temporária"
"As partes reafirmaram seu compromisso com acordo de cessar-fogo", insistiu Moscou em um comunicado na noite de sábado. A trégua deve permitir a troca de prisioneiros de guerra e os corpos das vítimas.
De acordo com um alto funcionário do Azerbaijão, a calma foi apenas "temporária": "é um cessar-fogo humanitário para trocar corpos e prisioneiros, não é um cessar-fogo (real)", indicou, afirmando que Baku não pretendia recuar.
Quando o acordo foi anunciado, o ministro russo Sergei Lavrov afirmou que os dois campos se comprometeram "a negociações substanciais para chegar rapidamente a uma solução pacífica" do conflito, com a mediação dos três co-presidentes (França, Rússia, Estados Unidos) do Grupo de Minsk.
Também no sábado (10), o presidente francês, Emmanuel Macron, falou por telefone com os primeiros-ministros do Azerbaijão e da Armênia. Ele pediu o fim total dos combates. Estas negociações terão de "ser retomadas sem pré-condições", insistiu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês, Agnès von der Mühll.
Internacionalização do conflito
O temor é que o conflito se internacionalize, com Ancara encorajando Baku a perpretar novos ataques. A Turquia é acusada de enviar combatentes pró-turcos da Síria para lutar ao lado dos azerbaijanos, o que Baku nega.
Nagorno-Karabakh, um território povoado principalmente por armênios, se separou do Azerbaijão após uma guerra que matou 30.000 pessoas na década de 1990. Baku acusou Yerevan de ocupar seu território, e as explosões de violência são regulares no local.
Os combates entre as tropas de Nagorno-Karabakh, apoiados por Yerevan, e as forças do Azerbaijão desde 27 de setembro de 2020, resultaram em mais de 450 mortes confirmadas, incluindo cerca de cinquenta civis.
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