Para avaliar se frutos do mar geraram Covid-19, EUA e OMS cobram informações da China
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Os Estados Unidos manifestaram "profundas preocupações" sobre a resposta inicial da China à crise do coronavírus e querem que Pequim "coloque à disposição seus dados desde os primeiros dias do surto", disse o assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan.
Esta declaração ocorre dias depois de uma equipe de investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) voltar da cidade chinesa de Wuhan, o primeiro epicentro da pandemia, e dizer que o vírus pode ter sido originado em frutos do mar congelados, e não em um laboratório chinês como alguns haviam sugerido.
Os especialistas da OMS tiveram que andar na corda bamba durante a estadia, com os Estados Unidos pressionando para que realizassem uma investigação "sólida", enquanto a China pedia que o assunto não fosse politizado.
"Temos profundas preocupações sobre a forma em que as primeiras conclusões da investigação da Covid-19 foram comunicadas e as perguntas sobre o processo usado para chegar até elas", disse Sullivan. "É imperativo que este relatório seja independente, com conclusões de especialistas livres de intervenção ou alteração por parte do governo chinês", continuou. O funcionário americano pediu à China para "colocar seus dados desde os primeiros dias do surto" à disposição da OMS, portanto infectados antes de dezembro de 2019. As autoridades chinesas forneceram apenas uma síntese dos casos, sem detalhá-los.
Apesar de não ter encontrado a origem do vírus um ano depois do início da pandemia, a equipe de especialistas estrangeiros concordou que provavelmente o vírus foi transmitido dos morcegos para uma espécie de animal desconhecida antes de ser transmitido aos humanos.
A teoria de que o vírus foi criado em um experimento de laboratório que deu errado – uma teoria defendida pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e seu secretário de Estado Mike Pompeo – parece "extremamente improvável", disse a equipe, enquanto abre novas vias de investigação. Os especialistas da OMS pediram mais dados à China sobre os casos iniciais de Covid-19, informou o responsável da missão.
Dados insuficientes
"Queremos mais dados. Pedimos mais dados", declarou o dinamarquês Peter Ben Embarek, especialista em segurança alimentar e zoonoses na OMS. "Há uma mistura de frustração, mas também uma mistura de expectativas realistas, em termos do que se pode fazer levando em conta as exigências de tempo", disse o especialista, que espera que esses dados brutos sejam entregues mais adiante.
Pequim afirmou várias vezes a teoria de que o vírus chegou na China através da embalagem de alguns produtos de frutos do mar congelados, uma teoria que a equipe da OMS não descarta.
Sullivan expressou seu "profundo respeito" pela OMS – à qual os Estados Unidos se reincorpora depois que o governo do ex-presidente Donald Trump abandonou a organização para protestar pela sua resposta ao vírus –, mas afirmou que proteger sua credibilidade é "uma prioridade absoluta".
O funcionário americano, no entanto, disse que "voltar a se comprometer com a OMS também significa exigir os padrões máximos. E neste momento crítico, proteger a credibilidade da OMS é uma prioridade absoluta".
Com informações da AFP
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