Em plena COP26, jornal francês traz edição especial sobre ameaças que pairam sobre animais
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O jornal Libération de hoje (10) traz uma reportagem especial sobre uma vítima importante das mudanças climáticas: a fauna. São 28 páginas que falam sobre animais ameaçados, criação em escala industrial, a polêmica da caça e presença na sociedade e cultura.
“Amar como os animais” é o título da primeira reportagem, que descreve comportamentos que demonstram a sensibilidade animal. “Os parceiros mais dedicados não são os nossos parentes mais próximos, como os grandes macacos ou outros mamíferos. São os pássaros, dos quais 90% são monogâmicos. Alguns ficam juntos durante a vida toda, como o albatroz”, exemplifica o Libération.
Os cientistas também mostraram que os bichos sofrem com a separação. A experiência, da universidade de Bourgogne, em 2019, separou um casal de peixinhos de aquário ciclídeo zebra que estavam juntos em um aquário. O peixe que acabou sozinho ficou deprimido. Entre muitos mamíferos, verificou-se que separar mãe e filhote provoca uma forte reação emocional. Os pesquisadores também estudaram o amor pelos humanos e o luto entre os animais.
Bruxo da Amazônia
O boto cor de rosa merece uma reportagem à parte e um ensaio fotográfico. A Inia geoffrensis, explica Libération, o boto no Brasil, é chamado de bufeo na Colômbia e tonina – ou simplesmente golfinho colorido – no Peru. Eles podem ser encontrados nas bacias dos rios Amazonas, Orinoco e Tocantins-Araguaia. O animal pode pesar até 200kg e atingir 3 metros de cumprimento.
A reportagem fala sobre a importância do boto na mitologia amazônica, mas também no imaginário local. Libération recolheu vários relatos falando da aparição do mamífero em forma de homem sedutor. “O golfinho rosa é como um termômetro da água, ele nos faz conhecer o estado do rio, dos peixes”, diz Lilia Java, líder do povo tikuna.
“Mas uma pesca intensiva coloca o animal em vias de extinção, ele que já sofre com o impacto do desmatamento, da construção de barragens hidroelétricas que mudam o curso dos rios e, portanto, de rotas migratórias, do mercúrio usado na mineração, das mudanças climáticas”, enumera Libération.
O jornal trata ainda de outras duas espécies amazônicas, a onça pintada e a harpia, “ameaçadas pela aceleração da destruição na Amazônia, cuja extraordinária biodiversidade corre o risco de desaparecer quando a floresta tropical atingir o ponto de não retorno climático”. Libération fala ainda sobre elefantes na China, rinocerontes na África do Sul, um cachorro japonês que virou estrela do Instagram e batizou uma criptomoeda, o condor californiano, as condições cruéis da criação industrial, até uma exposição no palácio de Versalhes sobre os animais de estimação na corte.
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