"Som no Coreto": compositor carioca traz de volta a Lisboa shows intimistas com repertório lusófono
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O projeto Som no Coreto, em Lisboa, tem curadoria do cantor e compositor carioca Bernardo Lobo, que leva para um palco intimista o melhor da música brasileira, e muito mais: o projeto realiza uma viagem pela musicalidade lusófona, criando uma ponte entre músicos de diversos países com um denominador comum: a língua portuguesa.

O projeto musical Som no Coreto, que nasceu no início da pandemia, já recebeu artistas como Ivan Lins, Roberta Sá e João Ventura e entra agora em sua terceira temporada.

”Na verdade foi uma necessidade quando pintou a pandemia e vi que este espaço era ideal para shows pois é ao ar livre, com este coreto, e todas as possibilidades da gente fazer algo assim, em segurança. E conseguimos! Já estamos no terceiro ano do projeto e tivemos concertos lindos, encontros fantásticos entre brasileiros e portugueses, brasileiros com brasileiros, portugueses com portugueses. Enfim, sou muito grato por isso. Sinto que é um missão: poder trazer as pessoas, promover estes encontros com bom vinho e boa comida. Um evento diferenciado onde o público não apenas paga um ingresso, assiste o show e acabou”, explica o músico.
Shows acontecem num coreto, ao ar livre, e ingressos são limitados
Os shows acontecem ao ar livre, em um coreto florido, no bairro do Restelo, em Lisboa, onde mora o compositor. E é esta sensação de se estar “em casa” que Bernardo quer passar, não apenas para os músicos que por ali se apresentam, mas também para o público.
“A ideia foi criar estes shows intimistas onde o público fique tao próximo dos músicos que se sintam em casa, assim como os próprios artistas que fiquem muito ‘a vontade. Eu sempre bato um papo com eles, faço uma pequena entrevista onde eles falam historias de vida, da carreira e onde o publico pode participar. O show acaba e ficamos aqui todos juntos. Não tem camarim, é um clima caseiro: cachorros, crianças no pula-pula. É esta atmosfera que é o Som no Coreto, e que encanta as pessoas sempre!”, comenta.
No show de abertura desta nova temporada do projeto, Bernardo Lobo uniu Brasil e Cabo Verde nas vozes de Fred Martins e Rolando Semedo. O músico brasileiro com mais de 20 anos de carreira e que atualmente mora em Lisboa, diz ser uma honra estar abrindo esta nova edição do projeto, pois adora a relação de proximidade com o público que o formato do evento oferece.
“É uma relação muito de igual pra igual, na horizontal: estamos juntos com a plateia, isto é muito desafiador porque a verdade aparece e vemos que o retorno das pessoas neste contexto tem muito valor e eu gosto muito disto, desta interação direta com as pessoas, poder falar com elas ali, antes e depois, como se fosse mesmo uma reunião familiar, uma reunião de amigos em uma casa para celebrar a música!”, comenta o artista que gravou o último album, inteiramente autoral, “Ultramarino”, em Lisboa, um trabalho que tem uma relação muito estreita com a proposta do Som no Coreto de fortalecer os laços entre a música do Brasil, África e Portugal.
O músico, produtor e compositor, da Ilha de Santiago, em Cabo Verde, Rolando Semedo, também subiu ao palco do Som no Coreto com um sorriso de quem se sente em casa e entre amigos. “O projeto é sobre encontrar amigos: velhos amigos, novos amigos , os que chegam agora, para nos eunirmos e partilharmos aquilo que sabemos fazer, partilhar as experiências musicais e não so, partilhar o bom vinho e a boa comida que temos aqui em casa. Pra mim é uma honra e um privilégio estar no meio desta gente toda, músicos extraordinários como, por exemplo, o Fred Martins", comenta.
Alem do formato “pocket-show” os artistas batem um papo com o anfitrião Bernardo Lobo, que também sempre brinda o publico dividindo o palco com os cantores convidados, onde falam da carreira, partilham experiências e o amor pela música. “A música é por si só uma troca de experiências, em qualquer situação e aqui, neste caso, reunir Brasil e Cabo Verde, duas ex-colônias de Portugal que falam o mesmo idioma, o que ajuda muito para interagirmos de varias formas, trocarmos o que nós em Cabo Verde sabemos sobre o Brasil e que, infelizmente, o Brasil não sabe sobre Cabo Verde. Temos muitas histórias em comum entre os dois países, principalmente a nível cultural. Isto é um espaço ótimo para fazermos esta partilha”, complementa o artista.
Afinidade musical
Bernardo Lobo, que teve a ideia de criar o evento no momento em que viu o coreto pela primeira vez, é compositor, cantor e violinista, e nasceu numa família de artistas: filho de um dos grandes nomes da MPB, Edu Lobo, e Wanda Sá, Bernardo tem 25 anos de carreira, seis discos editados, e já fez grandes parcerias com nomes como Seu Jorge e Marcos Valle. Segundo ele, o Som no Coreto nasceu de uma forma "muito orgânica".
“Eu olhei pro coreto, quando eu vim para essa casa e decidi que ia fazer um projeto de música. Não sabia que seria o Som no Coreto, de que maneira e nem como seria mas eu tinha certeza que eu queria fazer um projeto musical aqui e tinha todas as condições pra isso. E a partir deste momento comecei a trabalhar em cima, criar nome, logo e queria fazer algo com artistas da minha geração. Não precisam ser famosos, mas fazer uma música em que eu acredito. Só entra aqui a música que toca a minha alma e meu coração e que, naturalmente, também irá tocar as pessoas que estão aqui”,garante.
Os shows acontecem duas vezes por mês, sempre aos sábados. A programação está disponível nas redes sociais do Som no Coreto, e crianças são bem-vindas.
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