Brasileiro n°1 do ranking de tiro com arco disputa campeonato em Berlim, mirando em Paris 2024
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O brasileiro Marcus D’Almeida, número 1 do ranking mundial de tiro com arco recurvo, está em Berlim, Alemanha, competindo na etapa do Campeonato Mundial da World Archery, que termina neste domingo (6).

Por Luciana Quaresma
O carioca Marcus D’almeida derrotou o tailandês Arif Pangestu numa partida muito acirrada sob chuva forte em Berlim, para assegurar a medalha de bronze no arco recurvo masculino individual e uma vaga do Brasil para as Olimpíadas de Paris 2024. Após superar dois adversários, incluindo o italiano Mauro Nespoli (prata nas Olimpíadas de Tóquio), o brasileiro de 25 anos avança na competição.
“A gente não conseguiu se classificar e avançar na competição por equipes mista, mas estou vivo, me classifiquei para a final das quartas de final individual e estou bem. Quero continuar seguindo a minha caminhada. Estou me sentindo confiante e vou para o lugar que eu mais gosto, que é a final”, disse em entrevista à RFI.
O arqueiro visa a classificação para as Olimpíadas de Paris 2024. “É muito importante estar aqui disputando esta vaga. É um dos meus sonhos. É para isso que eu venho treinando e me preparando todos esses anos. Tentar ir para Paris conseguir a vaga é meu objetivo e acredito estar no caminho aqui em Berlim. Estou vivo na competição individual. Tudo o que faço na minha vida é visando Paris!", afirma o atleta.
Treinamento físico e autoconhecimento
O carioca se tornou o primeiro arqueiro do Brasil a assumir a liderança do ranking mundial no tiro com arco recurvo. Em maio deste ano também conquistou o ouro na etapa de Xangai da Copa do Mundo ao superar o sul-coreano Oh Jin-Hyek, campeão olímpico nas Olimpíadas de Londres 2012.
Para chegar ao topo, o atleta tem uma rotina de treinos muito intensa. “São horas de psicóloga, de treino intenso. Acreditar, estar bem de cabeça. Corpo e mente é uma coisa só. Entender a sua própria cabeça, como ela funciona. O que é bom para uma pessoa pode não ser boa para outra. O autoconhecimento é o mais importante”, explica.
“Treino em Maricá, no Rio de Janeiro, de segunda a sábado, praticamente o dia todo. Treino físico e mental, nutrição, fisioterapia, massoterapia, coaching, meditação”, relata o atleta.
Marcus, que começou na modalidade aos 12 anos, acredita na importância do treinamento mental para conseguir que as flechas atinjam o centro do alvo para a pontuação máxima.
“Esse esporte exige muito da cabeça. Costumo dizer que, na hora da competição, 90% é mental. Estar bem mentalmente é muito importante. O Marcus de ontem não é o mesmo de hoje. Estamos em constante movimento, então estou sempre me descobrindo e tentando encontrar o meu melhor”, comenta.
"Aprendi a escutar o vento"
Para chegar a precisão necessária para os tiros perfeitos, D’Almeida encontrou na natureza uma aliada. Como as competições são sempre ao ar livre, as condições climáticas têm muita influência no desempenho dos atletas. Uma das suas maiores habilidades é saber “escutar o vento“, como ele gosta de dizer.

“Aqui em Berlim, como o campo é rodeado de árvores, fico muito atento. As árvores fazem um barulho antes do vento chegar na parte baixa, pois o vento vem do alto. Então esse barulho, muitas vezes, precede um vento forte e eu tento esperá-lo ou, dependendo da situação, decido atirar antes dele. Esse é um dos truques que aprendi ao longo da vida. Escutar a natureza faz toda a diferença e eu adoro”.
Nova geração nos passos de D'Almeida
A etapa do mundial em Berlim também contou com a participação de outro brasileiro, Matheus Gomes. Com apenas 18 anos, o também carioca é bicampeão brasileiro juvenil e quer seguir os passos de D’Almeida. “O Marcus sempre foi para mim uma inspiração. Desde meu início no esporte. Hoje fazemos parte da mesma equipe, competimos lado a lado, mas o considero um amigo. Quando tenho qualquer dúvida eu sei que posso contar com ele”, comenta.

Mas o jovem atleta almeja chegar ainda mais longe que o seu mentor. “O Marcus é um atleta sensacional e não desperdiço nenhum dos ensinamentos que ele me passa. Ele é realmente um grande atleta, mas se um dia eu conseguir ser melhor do que ele, irei ficar muito feliz!”, afirma Matheus. “Ninguém pode ter a certeza de nada, mas é esse o meu objetivo. Eu sei que se eu continuar treinando como tenho feito, estarei no caminho”.
Matheus foi medalhista de ouro por equipes nos Jogos Sul-Americanos de Assunção, em 2022. Nesta sua primeira participação no campeonato mundial, o arqueiro não conseguiu o resultado que queria, mas já está focado na etapa da Copa do Mundo em Paris, ainda este mês de agosto.
“A competição aqui em Berlim não foi como eu esperava, não alcancei os resultados que eu sei que consigo, mas tudo é um aprendizado. Sou novo ainda e este é meu primeiro mundial. Agora, vou sentar e olhar para os meus erros, corrigir e seguir em frente porque em duas semanas vou estar na Copa do Mundo de Paris, então não dá para perder tempo”.
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