Em Bruxelas, Biden quer restaurar relações transatlânticas na Otan e UE
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Após o trauma da era Trump, a Europa dá as boas-vindas ao presidente americano Joe Biden, apesar de algumas questões difíceis permanecerem, da China e Rússia às disputas comerciais, a diplomacia em torno da vacina contra a Covid-19 e a transição para economias neutras em carbono. Biden está em Bruxelas em sua primeira visita oficial à UE e Otan.
Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas
Após a reunião do G7 no Reino Unido, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden desembarcou em Bruxelas, onde cumpre uma agenda repleta. Biden chegou na noite de domingo (13), mas sua agenda oficial só começa nesta segunda-feira (14). Durante as 42 horas que permanecer em solo belga, o presidente americano participa de reuniões importantes e deve tentar apaziguar antigas tensões criadas pela última administração da Casa Branca.
Em sua primeira visita oficial à Bruxelas, Biden deve adotar um tom extremamente cordial em contraste a seu antecessor, Donald Trump, que provocou polêmica ao afirmar que a capital belga tinha se transformado em um “buraco do inferno” devido ao excesso de imigrantes. Em um encontro da Otan, o líder republicano também acusou a Alemanha de ser refém da Rússia.
Nesta segunda-feira, o principal destaque da agenda de Biden é a reunião de cúpula da Otan. Depois, ainda na sede da Aliança Atlântica, está prevista uma discussão bilateral com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Na terça-feira (15), Biden se encontra com o rei da Bélgica Philippe e o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo. Na parte da tarde, segue para o quartier das instituições europeias onde se reúne com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Desde que assumiu, esta é a primeira viagem internacional do líder democrata, que “demonstra a vontade de trabalhar em colaboração estreita com os aliados europeus”, afirmou a Casa Branca. De Bruxelas, Biden viaja para Genebra, na Suíça, onde irá se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin.
Relações transatlânticas
Depois do desastre da era Trump, que detonou as relações transatlânticas entre Washington e Bruxelas, o momento agora é de tentar restaurar esses laços. Durante a cúpula do G7 no final de semana no Reino Unido, o presidente americano Joe Biden mostrou sua firme intenção de tornar a cooperação transatlântica novamente possível.
Durante os quatro últimos anos, seu antecessor Donald Trump se opôs ferozmente ao multilateralismo, minou a cooperação internacional e retirou os Estados Unidos de acordos fundamentais, como o Acordo do Clima de Paris. Além disso, Trump questionou a importância da Otan, decretou sobretarifas aduaneiras contra o bloco e impôs sanções contra empresas de vários países europeus, em especial a Alemanha, que estão construindo o polêmico gasoduto russo NordStream 2, que vai transportar gás natural da Rússia para a Europa.
Antes mesmo de desembarcar em Bruxelas, a administração Biden sinalizou o desejo de restaurar os laços desgastados com a Europa. No entanto, o presidente americano deve esperar algumas reticências principalmente da Alemanha.
As tensões entre Washington e Pequim não são vistas como estratégicas pela União Europeia, que apesar de condenar as violações dos direitos humanos em relação à minoria uigur, o movimento pró-democracia em Hong Kong e os dissidentes, reconhece que a China é um parceiro necessário em muitas áreas.
Cicatrizar feridas na Otan
Trump criou polêmica ao criticar ferozmente a estrutura da Otan e declarar que a aliança era obsoleta. Depois voltou atrás, mas não antes de chamar os países da aliança militar de "caloteiros" e de se recusar a endossar a cláusula de defesa mútua da Otan, que prevê que um ataque a um país aliado é considerado um ataque a todos. Com Joe Biden será bem diferente. Porém, especialistas afirmam que “a última administração deixou feridas que devem demorar a cicatrizar”.
Na agenda da reunião de cúpula, que terá a presença de 30 líderes, serão abordadas questões importantes, como a retirada das tropas do Afeganistão, as contribuições financeiras dos Estados-membros para manter a Otan, as provocações e ameaças militares chinesas no Mar do Sul da China, e a relação com a Rússia.
Os líderes dos países que integram a Otan devem assinar um documento sobre como remodelar o conceito estratégico da aliança militar para enfrentar novos desafios trazidos pela guerra cibernética, cibercrime e ciberterrorismo, inteligência artificial, defesa antimísseis, entre outros.
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