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Crescem contaminações por Covid-19 às vésperas dos Jogos de Tóquio

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A uma semana do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o número de casos de Covid-19 segue crescendo no Japão, mas não há mais como a Olimpíada ser cancelada ou adiada mais uma vez. A contagem regressiva prevê dias tensos até a abertura da Olimpíada, que será realizada no próximo dia 23.

Relógio em Tóquio mostra contagem regressiva para a abertura dos Jogos Olímpicos. 16/07/2021.
Relógio em Tóquio mostra contagem regressiva para a abertura dos Jogos Olímpicos. 16/07/2021. AP - Hiro Komae
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Gilberto Yoshinaga, correspondente da RFI em Tóquio

Na segunda-feira (12) teve início o quarto estado de emergência na região metropolitana de Tóquio desde o início da pandemia. A medida deve ser mantida pelo menos até 22 de agosto. O encerramento Jogos será no dia 8. Esta é a área mais populosa do mundo, com 37 milhões de habitantes convivendo em 2.189 km2, algo equivalente a pouco mais que o dobro da cidade de São Paulo.

A tensão se acentuou na quarta-feira (14), quando foram detectados na região 1.149 novos casos da doença, o maior índice em quase seis meses. Desde 22 de janeiro, esse número vinha se mantendo inferior a mil casos diários. Na quinta-feira (15), o balanço subiu para 1.308 casos, e alguns especialistas em saúde já preveem que, em agosto, a região metropolitana de Tóquio possa ultrapassar a marca dos 2.000 casos por dia. 

Com esse novo boom da doença, nesta semana, a média diária subiu para 882,1 casos, quase 40% a mais que na semana anterior, quando a média era de 631,7 novos casos por dia. Até quinta-feira, o Japão contabilizava 831.794 casos de Covid-19, com 15.033 mortes registradas.

"Risco zero" na Olimpíada

Ainda assim, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, afirma que há “risco zero” de participantes dos Jogos infectarem residentes japoneses ou de que o vírus se prolifere na Vila Olímpica. Todos os atletas e membros de comissões técnicas têm sido submetidos diariamente a testes de PCR e são proibidos de transitar pelas cidades em que estão hospedados. Um monitoramento rigoroso tenta garantir que eles circulem apenas nos trajetos entre os hotéis e os locais de treinamento.

Na semana passada, o COI já havia anunciado que a maioria dos locais de competição não terá público. Uma das últimas decisões foi a de que, nas cerimônias de premiação, as medalhas serão exibidas aos atletas em uma bandeja e cada vencedor terá de pegar sua própria condecoração e colocá-la no pescoço, sem apertos de mão, abraços ou qualquer outro tipo de contato físico.

Ainda na quinta-feira, foi confirmado que um atleta estrangeiro testou positivo para a Covid-19. O comitê olímpico não divulgou nome, sexo nem nacionalidade deste esportista, sob a alegação de que isso poderia “infringir sua privacidade”. Esse foi o quarto caso envolvendo um competidor ou técnico olímpico.

Nos casos anteriores, ao menos as nacionalidades tinham sido divulgadas. Em 19 de junho, dois membros da delegação olímpica de Uganda testaram positivo e, em 3 de julho, outro caso foi detectado em um atleta da Sérvia.

Covid-19 no hotel da delegação brasileira

Na última quarta-feira foi divulgado um caso de cluster, em que oito funcionários do hotel Hamanako, que hospeda parte da delegação brasileira em Hamamatsu, na província de Shizuoka, também contraíram o coronavírus. Novos testes foram feitos e ontem esse número foi revisado para 11 funcionários. Oficialmente, afirma-se que nenhum deles teve contato com atletas brasileiros.

Segundo Ney Wilson, chefe da equipe de judô - da qual alguns esportistas estão hospedados no Hamanako -, foram adotadas medidas muito rigorosas para evitar qualquer risco de infecção. Por exemplo, um funcionário do hotel foi encarregado de apertar os botões do elevador. 

Entre outras medidas preventivas, o restaurante do hotel passou a ser de uso da delegação brasileira. Além disso, nos treinamentos, os atletas permanecem  isolados do público por um vidro. Desta forma, as pessoas podem assistir aos treinos sem ter contato com os esportistas.

Vacinação em ritmo lento

Enquanto isso, a campanha de imunização no Japão, que teve início oficialmente em fevereiro, mas de forma muito lenta, segue em andamento. Até um mês atrás, menos de 5% da população havia recebido pelo menos uma dose da vacina. 

No momento, esse índice chega a 31%, mas o sentimento de insegurança é forte no arquipélago. Segundo pesquisas de opinião pública, cerca de 80% dos japoneses ainda são contrários à realização da Olimpíada.

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