México bate recordes de contágios de Covid-19 e enfrenta ômicron

Segundo a Organização Panamericana da Saúde, o avanço da variante ômicron e a alta de casos no México indicam o surgimento de uma quarta onda de contágios mais forte do que a causada pela variante delta. Nesta quinta-feira (13), 43.523 novos casos foram registrados no país. 

Segundo dados da Secretaria de Saúde do México, nesta quinta-feira, dia 13, foram registrados 43 mil 523 novos casos de Covid-19 e 148 mortes. No total, 4 milhões e 257 mil mexicanos já tiveram Covid-19 e mais de trezentos mil faleceram vítimas da doença. REUTERS - GUSTAVO GRAF

Larissa Werneck, correspondente da RFI no México

“As infeções por Covid-19 estão aumentando em cada esquina das Américas e são um grande desafio para os sistemas de saúde de todos os países”. O alerta foi da diretora da Organização Panamericana da Saúde, Carissa Etiene, durante uma coletiva de imprensa realizada na noite desta quarta-feira (12). De acordo com um levantamento da OPS, entre os dias 1 e 8 de janeiro, as infecções por Covid-19 passaram de 3,4 milhões para 6,1 milhões na região. No entanto, graças ao aumento da vacinação, a taxa de mortalidade permanece estável.

Durante a mesma coletiva, representantes da OPS chamaram a atenção para o fato de o México estar batendo recordes de contágios. “Prevemos que o país viva uma quarta onda da pandemia mais forte do que a terceira, se compararmos o número de infecções ao mesmo período do ano passado”, disse Sylvain Aldighieri, representante para a  Covid-19 da Organização Panamericana da Saúde.

Segundo dados da Secretaria de Saúde do México, nesta quinta-feira foram registrados 43. 523 novos casos de Covid-19 e 148 mortes. No total, 4 milhões e 257 mil mexicanos já tiveram Covid-19 e mais de trezentos mil faleceram vítimas da doença.

As regiões com maior número de casos são Cidade do México, Estado do México, Nuevo León, Guanajuato, Jalisco, Tabasco, Puebla, Sonora, Vera Cruz e San Luis Potosi, que juntos somam 65% dos casos no país. Nos últimos sete dias foram mais de 200 mil contágios confirmados, o que representa a maior alta desde o início da pandemia.

Busca por exames

O aumento de casos também fez crescer a demanda por testes para a Covid-19. De acordo com a União Nacional dos Empresários de Farmácias, a procura por testes realizados em farmácias cresceu cerca de 50% nas duas primeiras semanas do ano.

Além disso, dados do governo da Cidade do México apontam que o número de exames realizados nos centros de saúde dobrou na última semana. Algumas pessoas chegaram a esperar por mais de duas horas para conseguir atendimento. Diante desse aumento, dez novos módulos para a realização de teste de antígenos para a Covid-19 foram instalados na capital.

De acordo com a Secretaria de Saúde, 917.880 pessoas foram vacinadas nesta quinta-feira. Desde o início da vacinação contra a Covid-19, em dezembro de 2020, o México aplicou 153 milhões 673 mil doses dos imunizantes. Mas, apenas 57% a população tem o esquema de vacinação completo e 64% tomou pelo menos uma dose da vacina.

Presidente anuncia contaminação

Na segunda-feira (10), o México acordou com a má notícia de que Andrés Manuel López Obrador estava com Covid-19. Esta é a segunda vez que o presidente tem a doença, mas os sintomas são leves. “Farei isolamento e vou trabalhar virtualmente até me recuperar”, disse Obrador, que escreveu sobre seu estado de saúde nas redes sociais.

No entanto, mais uma vez, o presidente mexicano minimizou a pandemia e, ao contrário do que dizem os protocolos de saúde, realizou nesta quinta-feira uma reunião presencial com os secretários de Governo e da Fazenda. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Obrador disse: “Estou muito feliz em me comunicar com vocês para dizer que já estou me recuperando da Covid. É muito bom comprovar, eu mesmo, que essa variante não é letal e nem perigosa como a variante anterior”.

A opinião do presidente mexicano não coincide com a de Sylvain Aldighieri, representante para a Covid-19 da Organização Panamericana da Saúde. Na conferência desta semana, ela afirmou que “não podemos ver a ômicron como uma simples gripe. É importante lembrar que muitas pessoas ainda não se vacinaram, ou não têm o esquema de vacinação completo. Entre aqueles que têm comorbidades, a infecção pode ser muito grave. Por isso não podemos relaxar e temos que manter todas as medidas de controle e distanciamento”.