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Deputados dos EUA votam projeto de lei que pode encerrar maior 'shutdown' da história

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Após 42 dias de paralisação parcial do governo americano, os deputados devem votar hoje (12) o projeto de lei que pode pôr fim ao chamado "shutdown". O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, acredita ter votos suficientes para aprovar o pacote e encerrar o impasse que deixa milhares de funcionários sem salário e afeta os serviços públicos em todo o país.

Bandeiras americanas diante do Capitólio, que abriga o Congresso dos Estados Unidos, sede do poder legislativo federal. Washington, 10 de novembro de 2025.
Bandeiras americanas diante do Capitólio, que abriga o Congresso dos Estados Unidos, sede do poder legislativo federal. Washington, 10 de novembro de 2025. © J. Scott Applewhite / AP
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Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Após 42 dias de paralisação parcial do governo americano, os deputados devem votar hoje (12) o projeto de lei que pode pôr fim ao chamado "shutdown". O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, acredita ter votos suficientes para aprovar o pacote e encerrar o impasse que deixou milhares de funcionários sem salário e afetou serviços públicos em todo o país.

O Comitê de Regras da Câmara se reuniu na noite de terça-feira (11) para avançar na análise do texto, já aprovado pelo Senado, e autorizar a votação em plenário, marcada para 16h pelo horário de Washington (18h em Brasília). A paralisação já dura 42 dias e é a mais longa da história dos Estados Unidos. 

O projeto de lei garante financiamento integral para algumas agências federais até o fim do ano fiscal e prorroga o orçamento do restante do governo até o fim de janeiro. Se aprovado, o texto encerrará o "shutdown", que paralisou serviços públicos, atrasou pagamentos e provocou caos em aeroportos de todo o país.

Mike Johnson, está otimista e conta com o apoio do presidente americano, Donald Trump, que classificou o acordo de “muito bom”. A ala ultraconservadora do Partido Republicano, o Freedom Caucus, também se declarou satisfeita porque o texto não renova os subsídios do Obamacare, o programa de saúde criado durante o governo do presidente Barack Obama.

Antes da reunião do Comitê de Regras, o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, criticou os republicanos e prometeu continuar lutando contra o aumento dos custos de saúde nos Estados Unidos, defendendo que o projeto de lei inclua a renovação dos subsídios do Obamacare. Jeffries disse esperar que os deputados democratas “se oponham firmemente” ao texto aprovado pelo Senado, por não garantir a continuidade desses benefícios.

Além disso, há um desafio mais logístico do que político para a votação. Depois de quase 50 dias de recesso, os parlamentares foram convocados às pressas para voltar a Washington, e muitos enfrentam cancelamentos e atrasos de voos, causados justamente pelos efeitos do "shutdown". Por isso tem até deputado voltando para a capital de moto: o republicano Derrick Van Orden, de Wisconsin, decidiu realizar o trajeto até Washington em sua Harley-Davidson , uma viagem de cerca de 16 horas.

Aprovação no Senado cercada de polêmica 

A exclusão de uma das principais exigências do Partido Democrata - a renovação dos subsídios do Obamacare - resultou em tensões dentro da legenda. Os parlamentares progressistas acusam os oito colegas que votaram a favor do projeto de lei (sete democratas e um independente) de terem cedido demais para encerrar o impasse. Eles são acusados de “traição” e “fracasso” por alguns dos nomes mais influentes do partido.

Por outro lado, os senadores argumentam que era urgente pôr fim à crise, já que o "shutdown" deixava servidores sem salário, atrasava voos e ameaçava programas de assistência alimentar. 

Cerca de 700 mil funcionários públicos federais estão trabalhando sem remuneração. Outros 600 mil estão afastados desde o início do "shutdown", em 1º de outubro. Apenas os serviços considerados essenciais, como o controle de tráfego aéreo, continuaram em operação. Mas, com o setor sobrecarregado há semanas, a situação passou a colocar em risco a segurança dos voos, levando a Agência Federal de Aviação a suspender parcialmente as operações em alguns dos principais aeroportos do país.

Nesta terça-feira, mais de 1.200 voos foram cancelados e mais de 2.000 registraram atrasos em todo o território americano. O aeroporto de LaGuardia, em Nova York, viveu um dia de caos: 11% dos voos foram cancelados — 214 no total, segundo dados da FlightAware — e quase 40% sofreram atrasos. 

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