Reportagem

Belezas e desafios do Pantanal são tema de exposição fotográfica em Lisboa

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Premiados fotógrafos brasileiros levam a exposição "Água Pantanal Fogo" para Portugal, abordando a beleza e os desafios da maior planície inundável do mundo.

A exposição "Água Pantanal Fogo", em cartaz na capital portuguesa, aborda beleza e problemas na maior planície inundável do planeta.
A exposição "Água Pantanal Fogo", em cartaz na capital portuguesa, aborda beleza e problemas na maior planície inundável do planeta. Jose Britto
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Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa

Dois renomados fotógrafos brasileiros, Lalo de Almeida e Luciano Candisani, trouxeram para Lisboa a exposição "Água Pantanal Fogo", que fica em cartaz no Museu Nacional de História Natural e da Ciência até 6 de julho.

A mostra apresenta uma crônica visual que revela tanto a exuberância da vida no Pantanal quanto os problemas causados pelos humanos no local, como a seca e os incêndios que devastaram a região nos últimos anos. No total, 80 imagens ilustram a relação delicada entre a fauna e a flora da maior planície inundável do planeta.

Segundo Lalo de Almeida, as imagens não foram originalmente pensadas para uma mostra, mas sim para veículos jornalísticos, o que torna a exposição ainda mais especial. "Nunca imaginei que minhas fotos, feitas para serem publicadas, acabariam em um museu", comenta o fotógrafo.

O fotógrafo brasileiro Luciano Candisani.
O fotógrafo brasileiro Luciano Candisani. Jose Britto

Luciano Candisani, que conhece o Pantanal desde a adolescência, destaca as mudanças que percebeu ao longo dos anos. "A água foi diminuindo, e isso fica evidente nas fotografias. A exposição trata da presença vital da água e da ausência dela, que leva à seca profunda e ao fogo", explica.

A mostra também evidencia os paradoxos do Pantanal: sua beleza exuberante e a tragédia silenciosa que se desenrola no local. O curador da exposição, Elder Chiodetto, explica que a ideia surgiu ao perceber como as imagens de Luciano e Lalo se complementam, criando uma narrativa que mistura vida e morte, esperança e destruição. "As fotos mostram a pulsão de vida e a pulsão de morte do Pantanal", afirma.

Elder Chiodetto, curador da exposição "Água Pantanal Fogo", em Lisboa.
Elder Chiodetto, curador da exposição "Água Pantanal Fogo", em Lisboa. Jose Britto

Dados científicos reforçam a gravidade da situação. O Pantanal está enfrentando o período mais seco das últimas quatro décadas. Pesquisadores explicam que, nos últimos cinco anos, foi como se o bioma tivesse passado um ano inteiro sem chuva, resultando em uma seca prolongada. O nível do rio Paraguai, que normalmente enche o Pantanal, tem se mantido abaixo do esperado, agravando a crise hídrica.

Lalo de Almeida, que recentemente conquistou o segundo lugar em um prêmio internacional na categoria paisagem, reforça seu compromisso com a fotografia e a conscientização. "O Pantanal está se transformando, e acho que hoje é um dos biomas mais visíveis para as mudanças climáticas no Brasil", afirma.

O fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida.
O fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida. Jose Britto

Mas Luciano Candisani deixa uma mensagem de esperança: "As imagens criam uma camada que revela tanto a beleza quanto a ameaça. As pessoas veem o ambiente subaquático e, logo depois, percebem que ele está ameaçado".

A mostra "Água Pantanal Fogo" também é uma oportunidade única de refletir sobre a relação entre o homem e a natureza e sobre a urgência de proteger esse bioma tão vital para o planeta. 

Após Lisboa, a exposição seguirá para outras cidades, incluindo Berlim, Roma e Rio de Janeiro.

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