Paris espera participação histórica de público nas ruas com Carlinhos Brown na Lavagem da Madeleine
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O trio elétrico de Carlinhos Brown vai puxar o desfile da 22ª edição da Lavagem da Madeleine, neste domingo (10), em Paris. A capital francesa já se prepara para uma participação histórica de público, já que a previsão é de tempo bom, com temperatura de 34 graus no horário da passagem do trio e de blocos que percorrem largas avenidas da cidade, entre a praça da República e a praça da Madeleine.

A escadaria da paróquia do 8° distrito distrito de Paris, um bairro chique e tradicional de famílias católicas francesas, irá acolher mais uma vez o ritual inspirado na Lavagem do Bonfim, em Salvador. No ano passado, a polícia francesa divulgou um balanço de 15 mil participantes. Este ano, com Carlinhos Brown, as autoridades trabalham com a expectativa de acolher até 25 mil pessoas.
A Lavagem da Madeleine tornou-se, com o tempo, o maior evento cultural afrobrasileiro realizado na França e também na Europa.
São quatro dias de festa. A programação começou na quinta-feira (7) com o evento Baile Bom, que reuniu samba de roda, o grupo de batucada Batala, DJs e dançarinas em um barco com terraço ancorado no rio Sena. Foi um sucesso: o local tem capacidade para 1.300 pessoas. Neste sábado (9), estão programados cursos de dança para aquecer os participantes.
As principais novidades este ano são novos blocos e alas – Brasis e Adebrasil, este de dançarinas –, além dos tradicionais Batala, Batucadô, Maracatu, Bloco Verde, e alas como a de Mulheres da Resistência e a de baianas, que lavam as escadarias da Madeleine como se faz no Bonfim.

Outra novidade é que o padre franco-americano Brian McCarthy, que há mais de 16 anos celebrava esse ritual ao lado do baiano Raimundo Chaves – o babalorixá Pai Pote, no candomblé, que vem de Santo Amaro (BA) todo ano só para essa cerimônia – foi recentemente substituído na Madeleine. Domingo, um novo vigário, provavelmente um padre franco-libanês recém-nomeado na paróquia, irá comandar a cerimônia sincrética.

A Lavagem da Madeleine prega a paz e a convivência entre as religiões, baseada no sincretismo religioso do evento baiano. É o profano e o religioso se unindo pela paz.
O criador desse projeto em Paris, o baiano Roberto Chaves, mais conhecido como Robertinho, move mundos e fundos todos os anos para promover a cultura dos descendentes de escravos em Paris. Como afrodescendente, criado dentro do candomblé, ele costuma dizer que está acostumado a ser da resistência.

Diversidade cultural
A Igreja Católica francesa abraçou essa ideia, assim como a Unesco, a prefeitura de Paris e o Ministério da Cultura francês, pelo valor histórico do candomblé e de outros ritos africanos que fazem parte de uma diversidade cultural a ser elevada e respeitada.
Os grandes músicos baianos, como o próprio Carlinhos Brown, que já participou várias vezes do festival cultural em Paris, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Daniela Mercury e Margareth Menezes, antes de se tornar ministra da Cultura, contribuem para a notoriedade do evento. Mas os franceses apreciam a diversidade cultural, principalmente de povos originários.
O ator francês Vincent Cassel – que tem casa no Brasil, adora o país e fala fluentemente português – é padrinho da Lavagem da Madeleine. Ele estará no trio elétrico de Carlinhos Brown, assim como a madrinha Cristina Córdula, ex-modelo e empresária brasileira radicada há décadas em Paris.
Córdula é um fenômeno de audiência na rádio e televisão francesas. Com cinco programas sobre consultoria de moda na TV, a carioca aparece em listas de personalidades mais populares entre os franceses.
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