Política/França

França:Macron responde aos Coletes Amarelos

O Presidente francês Emmanuel Macron responde às  perguntas dos jornalistas no  Palácio do Eliseu. Paris. 25 de Abril de 2019
O Presidente francês Emmanuel Macron responde às perguntas dos jornalistas no Palácio do Eliseu. Paris. 25 de Abril de 2019 REUTERS/Philippe Wojazer

Cinco meses depois da crise desencadeada pelo movimento dos "Coletes Amarelos, o Presidente Emmanuel Macron apresentou na quinta-feira um pacote de medidas baseadas no grande debate nacional sobre o funcionamento da república da França. As medidas,entre as quais a proposta do aumento da duração da semana laboral, a criação de um Conselho de defesa ecológico e a supressão da ENA , têm como objectivo pôr um termo a contestação popular dos últimos meses e relançar o seu quinquénio.

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O Presidente Emmanuel Macron, respondeu na quinta-feira perante os media as questões colocadas pelos franceses, durante o grande debate nacional.

Emmanuel Macron apresentou um pacote de medidas destinadas a pôr um terrmo a contestação popular, desencadeada pelo movimento dos Coletes Amarelos há cinco meses.

Entre as medidas , constam nomeadamente o aumento da duração da semana laboral de trabalho em França, contestado pelos sindicatos e por alguns economistas, bem como a criação de um Conselho de Defesa Ecológico, formado por ministros, tendo como objectivo efectuar escolhas estratégicas requeridas pela urgência da luta contra as mudanças climáticas.

No capítulo social, Emmanuel Macron anunciou que as pensões de reforma, inferiores à 2000 euros voltarão a ser indexadas à inflação em 2020. O chefe de Estado francês realçou também , que a partir de 2021 nenhuma pensão aumentará menos depressa do que o custo de vida.

Na sua conclusão ao  grande debate nacional, o  Presidente  Emmanuel Macron  divulgou  também um pacote  de medidas fiscais  baseado  nas  propostas efectuadas pela população.

Emmanuel Macron não vai restabelecer o  imposto sobre a grandes fortunas como o desejavam os Coletes Amarelos, mas defendeu uma redução dos impostos e taxas, que afectam os franceses activos e  em particular as  classes médias, tradicionalmente mais sobrecarregadas no plano fiscal.

Presidente Emmanuel Macron 25 04 2019

A  melhor orientação, de  forma a responder a  necessidade de justiça fiscal, não é  de aumentar  os  impostos  de este  ou  aquele, mas  sim  de baixar  os  impostos  do  máximo dos nossos  concidadãos,  de todos   os  que trabalham  e  em prioridade das  classes  médias.

É muito  simples  é  não  quero mais impostos, mas  desejo menos impostos  para os  que trabalham, ao  reduzir  o  imposto sobre  o rendimento. Nós devemos  explicar como vamos  efectuar as  reduções de  impostos  e como vamos  financiá-las .

 Por isso ordenei  ao governo  que  implemente essa  baixa  dos  impostos,as  financiando através  da  supressão  de algumas  vantagens  fiscais  das empresas,  da necessidade  de trabalhar mais, assim como da redução  das  despesas  públicas.

 Nós podemos fazer melhor, e  gastar menos, se  suprimirmos os  organismos  inúteis. Então, nós  conseguiremos dar as classes médias  o que  legítimamente  lhes é devido.
                                                ( Emmanuel  Macron )       

Sobre o funcionalismo público, Emmanuel Macron anunciou que abandona o projecto de supressão de 120.000 postos de trabalho, como tinha sido divulgado nos círculos presidenciais.

No que toca ao Referendo de Iniciativa Popular, emblemática reivindicação dos Coletes Amarelos, Macron afirmou que vai facilitar a implementação da medida, através da redução à 1 milhão, o número de assinaturas necessárias, para que a questão seja debatida no Parlamento.

O Presidente Emmanuel Macron confirmou igualmente o seu desejo de encerrar defintivamente a ENA ( Escola Nacional de Administração ) fundada em 1945 por Charles De Gaulle. Segundo Macron, a citada instituição é o símbolo do elitismo francês. Ele propôs substituir a ENA ,por uma escola de administração pública.

A supressão da ENA fazia parte das propostas do movimento dos Coletes Amarelos, de quem o Presidente Macron reconheceu a legitimidade de algumas das reivendicações.

Todavia, o chefe de Estado francês sublinhou que manterá os fundamentos da sua política, bem como não recuará na defesa das instituições.

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